Frederico Marques e a época de 2017: “Tentámos estar em todas as frentes. Foi demasiado”

Encerrada mais uma época ao mais alto nível, onde os resultados não foram tão consistentes como nas épocas anteriores, Frederico Marques fez uma análise ao ano de 2017 de João Sousa.

O técnico português considerou que 2017 foi uma ano diferente de todos os outros, onde tentaram implementar novos métodos de treino e admitiu que o facto de ter estado em todas as frentes fez com que o vimaranense não conseguisse ser tão consistente.

“Foi uma época de altos e baixos. Começámos o ano a grande nível, logo com uma final. Para mim foi a semana mais completa do João Sousa no circuito ATP. Depois não conseguimos dar essa continuidade no Australian Open. Voltámos a estar a bom nível na terra batida, mas depois na Europa e a parte da relva não correu tão bem”, começou por contar o técnico do número um nacional, logo após o primeiro treino de adaptação na Beloura Tennis Academy.

“Para mim foi um ano de aprendizagem, tanto eu como treinador, como o João como jogador. Fizemos algumas alterações a nível técnico e tático. Fomos ambiciosos. Já tínhamos estado dois, três anos ali nos 30, 40 e achámos que este era o ano para tentar outras coisas. Outros padrões de jogo, outra dinâmica de preparação para a competição, outra dinâmica com o espaço e com a movimentação, coisas técnicas”, admitiu.

Depois de dois anos sempre à porta do top 30 mundial (2015 e 2016), Frederico Marques tinha como objetivo para o ano de 2017 a aproximação ao top 20. Para o conseguir, o técnico português, em conjunto com toda a equipa técnica optou por fazer mudanças, mudanças essas a que João Sousa não se conseguiu adaptar.

“Analisámos e tanto a equipa técnica, como a parte da psicologia, nutricional, toda a equipa tentámos fazer uma mudança porque fomos ambiciosos e queríamos estar perto dos 20 do mundo. Ele não reagiu da maneira que nós esperávamos e tivemos de voltar atrás, ao trabalho que vínhamos a desenvolver e ele reagiu logo”, contou.

Apesar de não ter sido o melhor ano de João Sousa, para Frederico Marques a temporada tem de ser considerada “positiva”, pois houve espaço para aprender com os erros e para evoluir vários aspetos do jogo do vimaranense.

“Acabámos o ano a muito bom nível. Foi uma pena o ano ter acabado agora, pois o João estava no pico da forma. Para mim foi um ano positivo. É óbvio que o meu objetivo era ter o João perto dos 30 do mundo, não foi possível, mas aprendemos. Ele aprendeu. Tecnicamente está melhor, em termos de padrões. Acho que no meu pior estar com o João a 60 do mundo é um grande trabalho tanto do João como meu”, afirmou.

“Eu trabalho com objetivos técnicos e táticos. De dois em dois ano cada vez o ténis mais rápido. O serviço e a primeira bola, a resposta. Tento estar sempre a aprender e ver o que é que os jogadores de top estão a fazer e tento adaptar esse trabalho ao João. Claro que no final do ano o ranking é que diz o nível. Podemos dizer que estamos a jogar bem e que tivemos azar nos quadros, mas não. O ténis põe sempre as pessoas no seu sitio”, disse.

Falando dos objetivos e planeamento para a época que se avizinha, Frederico Marques afirma que o calendário não será tão sobrecarregado como o de 2017.

“O nosso nível este ano foi de 60 mundo. Tivemos semanas a 20, 30, mas no geral foi 60. O meu objetivo é fazer um ano mais estável em termos de nível. Em 2018 vamos reduzir o número de semanas de competição. Este ano o calendário não foi feito. Como já disse anteriormente a culpa foi minha. Tentámos jogar muitas semanas: Taça Davis, os 250, os 500 e os 1000, Grand Slams. Tentámos estar em todas as frentes. Foi demasiado”, confessou o português.

“Houve alturas que estávamos muitos cansados, houve alturas que houve excesso de treinos e custou-nos estar competitivos. Em 2018 vamos gerir um pouco mais e reduzir um pouco os torneios 250”, finalizou.

Total
0
Shares
Total
0
Share