C’est pas fini: Herbert e Mahut vencem e dão à França uma réstia de esperança para o último dia

Herbert e Mahut 2
Fotografia: Corinne Dubreuil

Ao segundo dia da final da Taça Davis os milhares de franceses que (hoje sim) encheram o Stade Pierre-Mauroy tiveram finalmente razões para celebrar: a vitória no par foi garantida com um final de encontro emocionante e mais de três horas e meia de jogo que adiam a decisão da final para o último dia — como devia ser sempre.

Por Gaspar Ribeiro Lança, em Lille

Uma entrada em falso na jornada inaugural deixou os comandados de Yannick Noah numa posição muito delicada à entrada para o encontro de pares, pelo que se exigia uma prestação serena e de preferência com algum brilho para o povo da casa poder respirar de alívio (ainda que não por muito tempo) e aproveitar o espetáculo.

Ninguém melhor para a ocasião, portanto, do que Pierre-Hugues Herbert e Nicolas Mahut, os franceses que há uma semana chegaram a ter um championship point no ATP Finals e que guardam muito boas memórias da época de terra batida: este ano venceram Roland Garros, ficando a faltar apenas o Australian Open (onde até já jogaram uma final) para completarem o Grand Slam de carreira.

Este era o único dos cinco encontros onde os gauleses se podiam considerar verdadeiros favoritos e as expectativas não foram defraudadas: em quatro sets pautados por muito espetáculo e pouquíssimos erros de parte a parte, Pierre-Hugues Herbert e Nicolas Mahut negaram a Mate Pavic (outro grande especialista na variante) e Ivan Dodig uma vitória que valeria o segundo título da história à Croácia. O triunfo francês escreveu-se com os parciais de 6-4, 6-4, 3-6 e 7-6(3) quando estavam decorridas 3h38 de encontro.

Não foi necessário um quinto e sempre imprevisível parcial para que a questão se resolvesse mas nem por isso faltou emoção ao jogo que permitiu ao público francês celebrar pela primeira vez nesta final. Com casa cheia, a cidade de Lille assistiu a um belo duelo de pares entre quatro jogadores que formam duas das duplas mais perigosas da atualidade.

Foram os franceses quem começaram melhor e como resultado de dois primeiros sets extremamente sólidos – nos quais foram exímios na conversão de break points e não deram uma única oportunidade à dupla croata – e sobretudo com o break precoce no terceiro parcial Herbert e Mahut aparentavam ter a tarefa controlada. Mas no ténis, já se sabe, nada está decidido antes do árbitro de cadeira “cantar” game, set and match.

Cientes de que em ambiente e condições de Taça Davis tudo pode acontecer, os visitantes começaram por devolver uma das quebras de serviço e, depois, impingiram outras aos franceses, acabando a vencer um terceiro parcial no qual já nem os seus próprios compatriotas, espalhados um pouco por todas as bancadas, acreditavam.

E depois… Taça Davis no seu melhor. Se no primeiro dia faltou emoção a dois encontros de singulares totalmente de sentido único, com a vitória no terceiro set o duo croata conseguiu trazer emoção (e muita!) ao duelo de pares, que arrancou dos milhares de espetadores presentes nas bancadas o último fôlego da competição. Ao 10.º jogo, chegada a hora de todas as decisões, Herbert e Mahut voltaram a começar melhor e os três match points pareciam ser suficientes para que fechassem a questão — até porque do outro lado Pavic, um jogador já bem experiente, entrou em jogos psicológicos com um público que em clara vantagem numérica lhe prometeu desde logo pesadelos… –, mas só no tie-break conseguiram arrumar o assunto.

Domingo de todas as decisões

Com a vitória de Pierre-Hughes Herbert e Nicolas Mahut, a conclusão da última final da Taça Davis fica adiada para o último dia — como aliás devia acontecer sempre.

A realidade de domingo não será muito diferente daquela que as equipas enfrentaram no início deste sábado — a França continua a ter os Alpes por escalar, estando impedida de dar quaisquer passos em falso, e a Croácia só precisa de uma vitória — mas como diriam dizem os franceses c’est pas fini. Está garantido espetáculo no derradeiro dia da competição e isso é o que mais interessa.

Atualizado às 18h25.

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