1455 dias depois, Roger Federer voltou a ser um artista na terra batida de Paris

PARIS, FRANÇA — Quando, num sábado chuvoso pensado para os fãs mais novos, Roger Federer foi recebido por 10.000 espetadores (e mais alguns…) no Court Suzanne-Lenglen, ficou claro que o momento do regresso oficial do suíço a Roland Garros seria ainda mais dado a celebrações por parte do público local.

E este domingo assim foi.

1455 dias depois do último encontro que disputara na terra batida parisiense, Roger Federer voltou. Ao mesmo Court Philippe Chatrier (que agora tem um look diferente) e com a mesma eficácia que faz dele um dos melhores jogadores em terra batida — mesmo se isso pode ser fácil de esquecer, em muito por culpa do enorme domínio de Rafael Nadal.

vítima foi Lorenzo Sonego (73.º), o estreante cuja paixão pelo pó de tijolo reforça a qualidade da exibição apresentada pelo tenista suíço, que em 102 minutos venceu por 6-2, 6-4 e 6-4.

As três épocas de ausência (em 2016 planeava jogar mas acabou por falhar o resto da temporada devido a uma lesão nas costas, nos anos seguintes optou por não pisar a terra batida e preparar as exibições em relva) não se fizeram sentir e Federer — que conquistou o seu único título no torneio há exatamente 10 anos — fez do encontro o que quis. Aos 37 anos, reapresentou-se ao público parisiense com a tranquilidade que lhe é tão característica e que deixa bem assente as razões que o levaram a acreditar na possibilidade de realizar novamente uma boa campanha na superfície.

O renovado Court Philippe-Chatrier encheu para o regresso de Roger Federer | Fotografia: Gaspar Ribeiro Lança/Raquetc

Pancadas como amorties de esquerda na resposta ao serviço para conquistar um dos cinco breaks do encontro ou as já famosas investidas na resposta bem dentro do court valeram-lhe, inclusive, a vénia de um dos espetadores que preencheram quase na totalidade o renovado palco principal do Stade Roland-Garros; e a tremenda eficácia de todos os centímetros do court levou até a que um outro espetador lhe pedisse para não se apressar.

Curiosamente, no jogo seguinte cedeu um pouco do terreno que tinha ganho: uma dupla falta depois de já ter salvo três pontos de break consecutivos revelou-se a única mancha na exibição deste domingo.

Sonhar com uma nova final (ele que é um dos apenas cinco tenistas masculinos da história com pelo menos cinco finais em Roland Garros) em Paris ainda é demasiado prematuro, mas Roger Federer só tem razões para estar satisfeito com o encontro que marcou o regresso ao torneio onde há 20 anos e um dia, graças a um wild card, fez a estreia em quadros principais do Grand Slam.

Para o número três do mundo seguem-se dois dias de repouso — que arrastarão multidões atrás dele entre sessões de treino — e depois um duelo em alemão com Oscar Otte, o lucky loser que aproveitou a oportunidade para somar a primeira vitória da carreira a este nível (6-3, 6-1, 4-6 e 6-0 perante Malek Jaziri) e que tem no currículo o título de campeão da primeira edição do Lisboa Belém Open, o Challenger ATP organizado no CIF – Club Internacional de Foot-Ball, em Lisboa.

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