Frederico Silva: “Já sabia que ele gosta de desestabilizar”

Beatriz Ruivo/FPT

A competir pela primeira vez no Maia Open depois da ausência na edição inaugural por lesão, Frederico Silva esteve muito perto de alcançar os quartos de final da prova, mas saiu derrotado face a Andrea Arnaboldi por 2-6, 6-4 e 7-5.

No final do encontro, o tenista natural das Caldas da Rainha analisou o duelo. “Foi um encontro fisicamente duro, que acabou por se tornar também mentalmente mais exigente do que seria normal por todas estas situações que houve durante o terceiro set. Sabia que ia ser um jogo difícil, já tinha jogado contra ele em condições totalmente diferentes, sabia as qualidades que ele tinha e o que tinha de fazer. Acho que entrei bem no jogo, bastante determinado e a comandar os pontos, servir e responder bem. Fiz um primeiro set muito bom. No segundo ele tentou mudar um bocadinho o jogo, cortar o ritmo com o slice e amorties, alguns pontos mais rápidos e eu demorei a habituar-me, mas no final do segundo e no início do terceiro já me senti novamente dentro do jogo e sabia o que é que tinha de fazer novamente”.

O embate ficou marcado pelas paragens de Arnaboldi durante o set decidido, assunto ao qual Frederico Silva não fugiu. “Não percebi o que é que aconteceu. Sinceramente não me espanta o que ele fez, já sabia que é um jogador que gosta de desestabilizar, o que me espantou mais foi a passividade do árbitro numa situação destas, em que sabe perfeitamente que ali não há problema nenhum e que deixa isto desenrolar-se mais do que ele pode. Não foi por isso que perdi o jogo, acho que acabei por perder o jogo porque não aproveitei as oportunidades de break que tive no terceiro set, mas acho que acabou por ser um encontro feio nesse sentido, porque no último torneio do ano perder desta forma com um jogador que joga bem, tudo bem, mas que fez o máximo para desestabilizar acho que não havia necessidade, podia ter lutado pelo jogo sem fazer isto tudo e pronto, mas não fico mais chateado por perder o jogo desta forma”.

Não se desculpando com todo o aparado, o caldense atira muitas responsabilidades para o árbitro francês Arnaud Gabas. “Ali a grande questão é o árbitro não conseguir impor-se, porque ele pode até estar a sentir-se mal, ter alguma coisa, ninguém sabe, mas a forma como estava a jogar não indicava que estivesse a sentir-se mal. O árbitro tem de conseguir seguir as regras, um jogador não pode parar o jogo de dois em dois pontos, não pode pedir um pedaço de pão a meio do jogo e ficar 30 ou 40 segundos a comer, não pode ir beber Gatorade sempre que lhe apetece e demorar o tempo que entende. Aqui foi o árbitro que deixou isto ir seguindo e que não puniu da forma como devia. Mas não é a primeira vez que isto acontece, vamos sempre apanhando jogadores que tentam desestabilizar, ou um público que o tenta fazer, é uma daquelas situações em que temos de nos manter tranquilos e focados e deixar isso do lado de lá da rede e não dar importância”.

“Tive várias vezes 15-40 e algumas vantagens. Numa ou outra situação ele serviu bem e teve mérito, noutras eu podia ter feito melhor e ou falhei uma resposta, ou não fui suficientemente incisivo na forma como joguei o ponto. Às vezes sentimos que todos os pontos de break que desperdiçámos foram culpa nossa, mas não acho que tenha sido o caso. Muitos foram por mérito dele”, analisou Frederico Silva após a derrota em 2h47, ele que terminou o duelo com 5 pontos de break aproveitados de um total de 20 (e 1 de 10 no terceiro set).

Finda a temporada de 2020, o número quatro português fez um balanço de um ano positivo para si. “Foi um ano estranho, um ano diferente. Parece que passou muito rápido. Apesar de ter feito uma segunda metade do ano muito densa em termos de calendários, acabou do ponto de vista competitivo acabou por ser um bom ano. Podia ter sido melhor, obviamente. Houve muitos jogos onde eu podia ter conseguido a vitória e acabei por não conseguir, perdi várias vezes em terceiros seta e tive alguns jogos destes como hoje. Houve muitos outros em que joguei a um bom nível e tive boas vitórias. Foi um ano onde consegui mais ou menos ir mantendo o nível constante durante o ano apesar das vitórias não terem aparecido. Houve poucos jogos onde senti que estive abaixo do nível, jogos em que estive bem e outros em que senti que estive bem, mas caíram para o outro lado, como é o caso do de hoje. Fiz a primeira final Challenger da minha carreira, por isso vai ser sempre um marco para mim, e foi a primeira vez que joguei a ronda de acesso a um Grand Slam. Houve alguns marcos importantes”, apontou.

A hora é de descansar e de muita incerteza quanto ao calendário do próximo ano. No entanto, Frederico Silva tem um desejo: “quero entrar no top 150 de imediato e depois chegar do top 100”

Total
0
Shares
Total
0
Share