Pedro Cachin: da influência de Corretja à maturidade tenística

Sara Falcão/FPT

OEIRASPedro Cachin, argentino de 25 anos, é o campeão da segunda edição do Oeiras Open. O tenista oriundo de Bell Ville conquistou o segundo Challenger da carreira, mais de cinco anos depois do primeiro troféu, após bater o português Nuno Borges numa dura batalha, resolvida em dois tie-breaks, num dia em que antes da final ainda teve de concluir a meia-final diante de Gonçalo Oliveira.

Em 2015, com apenas 19 anos, Pedro Cachin conquistava o primeiro título Challenger, em Sevilha, batendo na altura uma promessa espanhola de seu nome Pablo Carreno Busta. No entanto, só regressaria a finais na categoria três anos volvidos, quando cedeu na final de Buenos Aires face ao mais experiente Pablo Andujar. Agora venceu no Jamor – o terceiro título do ano depois de dois ITFs já na bagagem – o que promete ser o troféu que o vai embalar rumo a voos prometidos em tenra idade. “Na altura era muito novo e não estava preparado, até porque perdi várias primeiras rondas depois desse título”, lembrou Cachin em conferência de imprensa no dia em que selou o apuramento para as meias-finais. “Vivia sozinho na Europa e não era fácil. Hoje estou disposto a não me deixar levar por ter ganho um Challenger e a ser um adversário duro de vencer”. Palavra do atual 336 do ranking ATP, mas que tem garantida a reentrada no top 300, depois de arrecadar o Oeiras Open.

Ecoado o ‘game, set and match’ deste domingo, e ainda antes da cerimónia protocolar de coroação de vencedor, Pedro Cachin recebeu um telefonema habitual e muito especial: Alex Corretja, antigo número dois mundial e antigo treinador do argentino durante três anos, uma figura muito próxima de Cachin desde a juventude. “Quando estava bem nos juniores [chegou a ser número oito mundial no escalão etário] um amigo em comum perguntou-lhe se ele me podia ajudar, até porque ele tem uma empresa de agenciamento com o irmão. Fui a Barcelona e ele gostou do meu ténis. Temos uma ligação muito forte e tudo o que aprendi no ténis foi com ele. Desde que tenho consciência do que faço no court, tudo isso foi o Corretja que me ensinou. É uma pessoa muito importante para mim”, salientou. Ainda hoje reside em Barcelona, que diz ser “o lugar do ténis na Europa” e onde fundou as suas raízes.

Para o dia terminar da melhor forma, Cachin – que chegou a ser 166 do mundo em 2015 – precisou de vencer dois encontros. Na verdade, encontro e meio, visto que a meia-final frente a Gonçalo Oliveira tinha ficado retida do dia anterior a 5-4 para o portuense. Para o argentino, a chuva foi uma boa notícia, não para inverter o embate, mas sim para aliviar a tensão de saber que podia competir para a semana em Split, como special exempt. Essa pressão evaporou-se, Oliveira não estava nas melhores condições e num abrir e fechar de olhos estava no duelo decisivo face a Nuno Borges, com quem tinha perdido este ano num ITF em Antalya, em Janeiro.

“O Nuno é um rival muito duro porque retira tempo, joga muito em cima da linha. Tirá-lo daí é difícil. Foi uma partida dura e intensa. o primeiro set não foi tão físico porque foi muito rápido, mas foi mentalmente complicado. No segundo, perdi uma chance no início, ele aproveitou e eu fui um pouco abaixo. Ele começou a jogar melhor e depois perdeu muitas oportunidades. Eu aproveitei e estou muito contente”, analisou Cachin após vencer o sétimo encontro da semana, já que iniciou a campanha vitoriosa vindo da fase de qualificação, onde até bateu o jovem português Henrique Rocha.

O tenista de 25 anos julga que o terreno virgem para o maiato poderá ter pesado no final. “A 5-1, 40-0, o rival a servir, pensas que está entregue. Quando fiz aquele winner de direita na resposta estava a pensar no terceiro set. Foi muito atípico. Depois ele fez duas duplas faltas e eu comecei a ver que ele estava um pouco tenso, começou a cometer erros que não estava a cometer. Sobretudo ele é que perdeu o parcial. Eu pensei apenas em colocar a bola dentro em vez de ser agressivo, até porque quando estás por baixo normalmente tens menos pressão. Na segunda vez em que ele serviu para fechar já não estava com essa mentalidade, queria jogar. Ele jogou muito bem os primeiros pontos mas depois voltei a notar a tensão. São coisas que acontecem. É fruto da experiência, primeira final, em casa, a cabeça anda muito rápido nesses momentos”.

Depois da final perdida na etapa do Cascais NextGen Tour no Clube de Ténis do Porto, em abril de 2018, Pedro Cachin sai do Jamor com o troféu que pode virar a sua carreira do avesso e deixou uma garantia no final da conferência de imprensa: “seguramente que voltarei para jogar o Oeiras Open 3, em Maio”. Cá te esperamos!

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