Fognini: “Paguei pelo que fiz de mal, mas não me vou arrepender de nada”

Fabio Fognini é o campeão em título do Masters 1000 de Monte Carlo, que em 2020 não se realizou devido à pandemia de COVID-19. O italiano faz esta segunda-feira a estreia diante de Miomir Kecmanovic, no mesmo dia em que o jornal espanhol AS divulga uma entrevista com Fognini em Marbella, durante o ATP 250 realizado naquela cidade durante a semana passada. O tenista transalpino falou da relação com Espanha, do ‘Big 3’ e também de todo este “novo normal” com o coronavírus.

“Passei mais de metade da minha carreira em Espanha, onde tive um bom treinador [José Perlas]. É a minha segunda casa, ainda que para o trabalho seja a primeira. Fui viver para Barcelona aos 18 anos, onde tenho casa e onde nasceram os meus filhos. O país e essa cidade terão sempre um lugar especial no meu coração”, começou por dizer o tenista de 33 anos.

No que diz respeito ao balanço da temporada até agora, Fognini admite que não teve os resultados que esperava por vários motivos. “Na América passei mal por causas que não pude controlar. Em Acapulco e Miami não tive os resultados que esperava. Fui afetado por um vírus estomacal, porque o outro já o tive, e que me deixou muito débil, com dores de barriga e tudo mais. Não sei dizer a que nível estou, porque com a situação da COVID e com a operação aos tornozelos não estava ao máximo”, disse.

Nesta altura da carreira, e apesar de admitir que a recuperação é cada vez mais complicada, Fognini garante continuar motivado e coloca a hipótese de melhorar os resultados em Grand Slams nas mãos das lesões: “Depende se não tiver lesões. Estou motivado e tenho vontade de viajar. Vivo um dia de cada vez, cada semana nos torneios, que espero que sejam menos do que quando tinha 20 anos, porque agora a recuperação física é mais difícil e mentalmente é complicado viajar e deixar a família em casa. Ainda tenho motivação e sou muito competitivo, ainda que o ranking me importe muito pouco”.

Fabio Fognini é um dos muitos “azarados” em compartilhar a carreira com o famoso ‘Big 3’. No entanto, para o italiano esse aspeto tem tanto de desgraça como de bênção. “É as duas coisas. Os mais jovens terão muita sorte em jogar algum dia sem estes três – Federer, Nadal e Djokovic – que eu tive em todo o meu caminho. Quando chegava a uma segunda semana de um Grand Slam já estava contente, como se fosse uma meia-final ou uma final, porque a partir dali saía-te um deles, o Murray, o Del Potro, o Wawrinka… O bom foi ter competido contra eles e conviver com os melhores da história. O mau é para que conseguir algo de bom tinham de acontecer coisas incríveis”, afirmou.

Muitas vezes envolvido em polémicas, Fognini garante uma coisa: “Quando me retirar, poderei ser feliz e dizer que fui o Fabio Fognini dentro e fora do court. Cada um tem o seu carácter e reage de forma diferente. Paguei pelo que fiz mal, mas não me vou arrepender de nada”.

As bolhas sanitárias montadas nos torneios durante a situação pandémica também foram abordadas pelo tenista natural de San Remo, que assegurou não estar a lidar muito bem com a situação. “Sinceramente, [estou a viver] mal. Parece-me muito duro, não gosto. Por um lado, temos sorte por poder jogar, ainda que não ganhemos dinheiro com a redução dos prémios pela falta de público. Nas bolhas estamos fechados, com muitas regras. A ver se nos abrem um pouco mais as portas e nós, os jogadores, estamos prontos para não complicar a vida”, atirou.

O tenista italiano deixou ainda elogios à nova geração de jogadores transalpinos, declarou que se vai vacinar contra a COVID-19 e falou de uma referência que ao mesmo tempo foi a sua “besta negra”: David Ferrer. “Ferrer matava-me. Perdi 11 vezes com ele. Falamos disso quando nos vemos. Estive perto de forçar o quinto set no US Open. Massacrava-me muito, quando estava bem fisicamente era um animal, não falhava nada. Era muito duro. Com o Carreño comecei 7-0 até à ATP Cup, ainda que em encontros muito disputados. Mas o ‘Ferru’… odiava-o”, concluiu.

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