OEIRAS – Parece mentira, mas não é: Menos de 48 horas depois de iniciarem a prova de pares no Oeiras Ladies Open, Francisca Jorge e Matilde Jorge revalidaram o título no WTA 125 e colocaram novo carimbo no maior título do ténis feminino nacional.
Desta vez, a história foi completamente distinta da edição transata. Em primeiro lugar devido ao tempo. Do sol de raiar em 2024 à chuva persistente este ano, a competição combinada no Complexo de Ténis do Jamor sofreu bastante com o tempo e toda a organização trabalhou constantemente em improvisos e reprogramações durante cada dia de torneio.
Todo o caos temporal fez dos respetivos quadros de pares os mais prejudicados e as irmãs vimaranenses só disputaram a ronda inaugural na sexta-feira por volta das 18 horas. Esse primeiro encontro foi diabólico e terminou de forma dramática com três match points salvos a 5-7, 2-5. A partir daí, as melhores tenistas portuguesas da atualidade não mais deram chance à oposição.
“Todo o stress provocado pela chuva…não lidámos bem com isso na primeira ronda. Mas aprendemos a lição e depois o nosso nível veio ao de cima. Foram três dias muito duros. Depois dessa ronda pareceu meio fácil, mas nós fizemos parecer fácil e jogámos bastante bem. Estou super contente e orgulhosa. Só mostra que somos capazes e conseguimos fazer bons resultados mesmo que as coisas não corram tão bem“, confessou Francisca Jorge, top 100 WTA (99.ª) na variante de pares, a primeira da história lusa feminina. “Depois daquela vitória melhorámos durante todo o torneio”, reforçou logo a seguir a mais nova, Matilde Jorge.
Foi precisamente a Matilde quem deu uma ajuda ao título do texto e apelidou o sprint de 48 horas um “torneio express”, tal a peculiaridade e rapidez com que os duelos se sucederam.
Em segundo lugar, continuando a ideia retida mais acima, o estatuto das irmãs mudou e as próprias adversárias também. De underdogs contra Kristina Mladenovic e Harriet Dart na final de há um ano, Francisca Jorge e Matilde Jorge apareceram este ano como segundas pré-designadas e eram claramente favoritas na final face à checa Anastasia Detiuc e à romena Patricia Maria Tig.
Em terceiro, o próprio formato “express” e o facto de nunca ter sido possível jogar no Court Central (em 2024 foram brindadas com bancadas repletas) devido a todo o atraso. Aliás, a própria final deste domingo foi apenas no Court 8 do Jamor. Tudo isto e toda a naturalidade da conquista, ao invés da história de outrora, tornaram a repetição “não tão especial, mas continua bastante especial”, dizia a mais cotada. “O ano passado se perdêssemos estava tudo bem, este ano ia pesar um pouco mais”.
O que é “especial é fazer o nosso caminho as duas juntas” e a ideia mantém-se: atacar outros patamares. “Há-de chegar a nossa oportunidade de brilhar num Grand Slam”, garantem. Há que continuar a “sonhar”.
A sonhar ou não, o certo é que a história se repetiu. Não exatamente no mesmo court, não exatamente no mesmo contexto ou nas mesmas condições. Mas repetiu e a caderneta vai ter um selo igual que até dá jeito para manter o “sonho”, já que os pontos não caem – Francisca Jorge vai aguentar-se entre a elite das 100 melhores, Matilde Jorge vai galgar para do posto 106 para o lugar 103 da variante, o melhor já alcançado.
Uma coisa bate certo com 2024: a efeméride. Os dois títulos têm em comum o dia 20 de abril, curiosamente véspera de aniversário da mais velha das irmãs. “É positivo, assim a minha prenda é esta vitória”, disse a parceira de sangue.
Haja humor e haja títulos. E, pelo sim pelo não, vamos sublinhar no calendário o dia 20 de abril de 2026.
