OEIRAS – Tensão terá sido a palavra mais proferida tanto por Gastão Elias como por Henrique Rocha no rescaldo ao empolgante duelo que ambos protagonizaram no Court Central do Complexo de Ténis do Jamor. E no que toca a gerir emoções, o mais experiente fez valer o cartão de cidadão para contornar a adversidade e seguir para os quartos de final do Oeiras Open 5.
“Foi um encontro tenso, físico, com os dois a não querer dar nada ao adversário. Caiu para mim e na maior parte senti-me mais por cima. Mas podia ter caído para o lado dele. No geral fizemos os dois um bom encontro e fico feliz por ter oportunidade de jogar mais um encontro amanhã. Um bocadinho mais relaxado, espero”, sublinhou Gastão Elias após o apuramento pela nona vez para os quartos de final de um Oeiras Open – sétima na terra batida do Jamor e primeira desde o último título Challenger do palmarés, em abril de 2022, o terceiro amealhado no histórico complexo onde só perdeu na antepenúltima fase de um torneio para um tal de Carlos Alcaraz.
Para sorrir pela primeira vez num encontro completo no mais mítico court do país desde a final do Oeiras Open 2 de 2022, Gastão Elias contou ter sido “mais agressivo do que o normal” para ultrapassar o mais regular dos parceiros de treino. “É sempre stressante jogar estes encontros entre amigos, parceiros de treino. O Henrique é o jogador com quem mais tenho treinado neste último ano e meio, dois anos. Há sempre aquele jogo de bastidores do ‘eu sei que tu sabes o que eu sei que tu vais fazer’ (risos). Isso acaba sempre por condicionar o plano de jogo porque sabes o que o incomoda e às vezes deixas de fazer o que és bom para tentar fazer o que o incomoda, o que é sempre perigoso porque a qualquer momento podes perder a tua originalidade e podes ficar perdido”.
No total, foram mais de três horas de embate que “pareciam umas cinco com toda a tensão acumulada” e no qual a questão física foi preponderante. “Estou cansando, mas senti-me bastante bem fisicamente”. E um dos segredos passou por “hidratar extra bem” pois sabia da tensão – lá está – inerente à ocasião. “Preparei-me da melhor forma possível fora do campo e extra jogo. Talvez o tenha feito melhor do que ele, a experiência ajuda em alguma coisa”.
Os elogios para o mais jovem compatriota foram muitos. O terceiro jogador luso com melhor cotação na história do ténis nacional vê em Henrique Rocha um potencial tremendo para singrar.
A dada altura, Henrique Rocha encetou uma recuperação ao salvar match point e igualar o terceiro set a 5-5. Terá sido inevitável para todos os atentos lembrar que duas das três últimas derrotas de Elias (frente a Clement Tabur nas meias-finais do ITF de Reus e na segunda ronda do Millennium Estoril Open contra Nicolas Jarry) surgiram depois do tenista natural da Lourinhã ter tido ponto para encerrar a contenda. “Veio o filme à cabeça e seria algum tipo de recorde [perder outra vez dessa forma]. Iria ficar à espera do Guinness”, disse com a boa disposição característica.
Mais fã das condições deste Oeiras Open comparativamente com as últimas edições menos favoráveis ao nível dos resultados, também devido aos constantes ajustes de material que anda a implementar para ombrear com jogadores mais possantes, Elias terá agora pela frente o ex-top 20 Cristian Garin. Só que o primeiro dilema a resolver passa pela recuperação física. “Já passei por isto centenas, milhares de vezes. Vou estar pesado amanhã e tenho de fazer tudo para começar intenso e não deixar o cansaço apoderar-se de mim. O segredo será o início do encontro, depois o cansaço vai indo embora”.
