Henrique Rocha chegou “a pensar o pior” e acabou “muito orgulhoso”

PARISHenrique Rocha tinha pela frente uma tarefa hercúlea que só não era inédita porque foi cumprida por Nuno Borges há dias e acabou a replicar o feito do compatriota para prolongar a estadia em Paris, onde esta quinta-feira venceu Jakub Mensik depois de estar a perder por dois sets a zero para se tornar no primeiro homem português a somar cinco vitórias num torneio do Grand Slam. Tudo digerido, analisou a história com entusiasmo qb e sobretudo muita lucidez.

“Os primeiros dois sets não foram nada fáceis. Ele é um ótimo jogador e eu já estava à espera que servisse e respondesse muito bem. Foi o que fez, mas no terceiro set tentei encontrar uma forma de jogar o meu melhor ténis. Comecei a servir melhor, a jogar mais agressivo e o encontro mudou muito”, reconheceu, ainda em inglês, a língua de arranque de qualquer conferência de imprensa, antes de detalhar já em português.

“Tenho de admitir que por alguns momentos cheguei a pensar o pior. No terceiro set também estive break abaixo, mas quando fui à casa de banho [depois do segundo set] a única coisa em que pensei foi ‘estou a servir pior do que ele e a responder pior do que ele, o que é que vou fazer para mudar isto?’ E a primeira coisa que me veio à cabeça foi meter mais primeiros serviços e, mesmo quando não meter, ser mais agressivo com o segundo. Na resposta, tentar mexer um bocadinho a minha posição para mexer com a cabeça dele. Mesmo estando break abaixo continuei a lutar e quando fiz o break senti que já estava mais perto, apesar de ainda estar tão longe. Senti que, se continuasse com aquela intensidade, podia cair para o meu lado. E acabei a jogar melhor do que ele”, rematou.

Dissecada a histórica reviravolta, a segunda de um tenista português depois de estar a perder por dois sets a zero em torneios do Grand Slam, Rocha foi desafiado a comentar a história que tem feito em Paris, mas tal como é seu apanágio — e um pouco à semelhança do compatriota que citou — conteve o entusiasmo: “De facto, são algumas coisas [inéditas], mas o Nuno fê-las primeiro. Acima de tudo, era o que eu estava a dizer: o trabalho acaba por dar sempre resultado e sem dúvida que tenho vindo a trabalhar melhor e melhor. É preciso continuar com este processo, que é muito longo. Aliás, até ao final da minha carreira terei certamente coisas para melhorar, mas estou muito orgulhoso de mim e sinto-me muito contente com estes passos que tenho dado. Hoje desbloqueei mais um, que era dar a volta depois de estar dois sets abaixo. Acima de tudo quero continuar com esta ambição e sábado estou pronto para outra batalha.”

A propósito de batalhas, apesar de ter passado pela fase de qualificação e de só no quadro principal já ter jogado mais 10 sets o número três nacional assegurou estar “bastante fresco.”

E ainda explicou a celebração original que se tornou viral, também porque a equipa de média de Roland-Garros estava atenta à recuperação e designou fotógrafos e videógrafos para os minutos finais no Court 7: “É algo que nós lá no CAR fazemos muitas vezes quando estamos na brincadeira. Seja a ver futebol, ténis, o que for, muitas vezes dizemos ‘que cold’. E pronto, lembrei-me disso e foi o que saiu no momento. Nem pensei muito sobre isso antes, foi simplesmente o que saiu no momento. E, na verdade, acho que foi a celebração certa para o momento certo.”

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