LONDRES — Jaime Faria passou por uma montanha-russa de emoções e entre o nervosismo e a apatia foi derrotado na primeira ronda do quadro principal de Wimbledon, onde sentiu o peso da primeira viagem ao All England Club. Na despedida de Londres, o número dois nacional (e 117.º ATP) repetiu as dúvidas de Paris, mas com Nova Iorque no horizonte descartou uma nova paragem.
“Não foi o meu melhor dia. Estive muito em baixo animicamente e não tive a atitude certa para enfrentar este jogo. Houve momentos em que acreditei, mas ele esteve muito bem e dominou os pontos. O encontro define-se pela qualidade dele nesses momentos e pela minha falta de reação. Estava pouco proativo, à espera do que vinha do outro lado em vez de tentar comandar”, lamentou o lisboeta de 21 anos em declarações exclusivas ao Raquetc depois de perder por 6-3, 6-4 e 6-2 com o italiano Lorenzo Sonego (47.º).
“Também alguns índices físicos não muito bons, não tem sido um ano fácil nesse aspeto. Por um lado está a ser o melhor ano da minha carreira, por outro tenho muito a melhorar”, acrescentou Faria, que esteve longe de replicar no quadro principal o sucesso do qualifying.
“Normalmente sou um jogador com boa energia, mas hoje não senti que tivesse essa boa energia. Estava um bocado apático e muito nervoso. Queria muito estar aqui e por um lado estou feliz por ter jogado, mas por outro estive demasiado nervoso, pensei demasiado, fiz pouco e estive muito queixoso”, reconheceu ao ser questionado sobre a atitude cabisbaixa que apresentou. “O feedback do Pedro [Sousa, treinador do CAR/FPT que o acompanhou a Londres] estava a ser bom, mas eu estava tão ‘cego’ e tão no meu mundo que nem estava a conseguir reagir.”
E se na despedida de Roland-Garros admitiu estar a precisar de uma pausa que acabou por não levar avante, no adeus a Wimbledon o discurso de Jaime Faria mudou, apesar da dúvida não ter desaparecido totalmente: “São decisões difíceis porque uma pessoa chega a este patamar e… há que saber lidar com isto, lidar com o nível. Tenho uma equipa muito boa e estou rodeado de excelentes profissionais, mas hoje não consegui estar nas melhores condições físicas e não abordei o encontro da melhor maneira. Realmente tinha falado disso em Paris, mas acabei por continuar e a minha vinda para a relva foi muito boa. Adaptei-me muito bem às condições, ganhei uns quantos encontros e consegui mascarar um bocadinho essa fase. Agora tenho de continuar. Já joguei três quadros principais de torneios do Grand Slam e este ano quero jogar o quarto. Só não sei se faz sentido ir a Trieste, porque é já na próxima semana e em terra batida, mas depois tenho os dois ATP 250 antes de viajar para os Estados Unidos.”