Alina Korneeva já não é uma criança, é uma “mulher contra mulheres” e procura recuperar o tempo perdido

Beatriz Ruivo/FPT

Dois anos separam as participações de Alina Korneeva no Figueira da Foz Ladies Open, torneio em que continua sem conhecer a sensação de derrota e no qual são cada vez mais os paralelismos entre a conquista história de 2023 e a reconsiliação de 2025. Uma espécie de déjà vu protagonizado pela rapariga que se tornou mulher entre um tropeção transformado em lição.

Campeã como qualifier há dois anos, a carismática russa que ainda só tem 18 anos está novamente nas meias-finais e mais uma vez com o carimbo do qualifying, somando já 12 vitórias entre as duas participações no ITF W100 organizado pela Federação Portuguesa de Ténis no Tennis Club da Figueira da Foz. Por isso, regressou à sala de conferências de imprensa onde outrora arranhou o inglês e, desta vez já bem fluente, falou da mentalidade que abordou depois de uma longa luta com lesões no punho e adutor esquerdos.

“No ano passado não joguei durante nove meses e este ano falhei mais seis, por isso quando falo com os meus treinadores eles dizem-me que esperam que eu fique no qualifying. Respondo-lhes que não quero fazer muitos encontros, mas eles dizem-me que tenho de jogar, jogar, jogar, por isso é o que estou a fazer”, contou, com o sorriso que a caracteriza, a antiga sensação do circuito mundial de juniores.

Foi ainda com essa fama que Korneeva chegou à Figueira da Foz pela primeira vez, tinha então 16 anos e o rosto não enganava. Era uma rapariga entre graúdas, a explosão precoce a fazê-la saltar degraus sem grande esforço aparente. Dois anos volvidos, a moscovita pensou antes de responder à maior diferença neste regresso: “Vi um vídeo meu de há dois anos e olhei para mim e pensei ‘sou mesmo eu?’ Parecia uma rapariga pequena que jogava contra mulheres, agora sinto-me uma mulher que joga contra mulheres, por isso provavelmente o que mudou foi a minha mentalidade e a forma como me sinto. Cresci não só no court, mas fora do court. Não olho para mim como uma rapariga, mas como uma jovem adulta que consegue lidar com problemas de adultos. Acho que essa é a grande diferença.”

E se há dois anos essa rapariga explicou que a ida ao US Open foi por água abaixo devido a problemas burocráticos (não conseguiu o visto a tempo), desta vez a jovem adulta tem tudo acertado porque no pior dos casos há um ranking protegido para usar: “Já tenho visto e até comprámos os bilhetes e reservámos o hotel. Também não pude jogar como júnior, por isso vai ser a minha primeira vez no US Open.”

Mas primeiro há um Figueira da Foz Ladies Open para concluir. E se há dois meses vinha de títulos sub-18 no Australian Open e em Roland-Garros, agora teve de dar um passo atrás quando o top 100 estava à vista. Porque nem quer pensar nisso, aceitou, seguiu mesmo com todos os contratempos de timing e está pronta para recuperar o tempo perdido — ou não fosse ainda considerada uma teenager.

Quem sabe não está em Portugal o primeiro passo para confirmar o prometido. Afinal, são já dois os ITF W100 conquistado no Oeste do nosso país, dado que em setembro também venceu o torneio das Caldas da Rainha. Se surgir o triplete não passará, no entanto, de mais um passo no cada vez mais comum discurso de “jogo a jogo para “recuperar o ritmo e aumentar a confiança”.

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