FIGUEIRA DA FOZ – Russas, jovens, talentosas, qualifiers e até conhecidas há muito tempo. Alina Korneeva e Maria Timofeeva têm pontos em contacto intermináveis, mas só uma delas vai sorrir no fim da nona edição do Figueira da Foz Ladies Open, prova com epílogo às 11 horas deste domingo.
Três edições do torneio como ITF W100, o nível mais importante das competições individuais da Federação Internacional de Ténis, três vencedoras oriundas da Rússia. Uma das moscovitas – outra similitude – vai suceder a Anastasia Zakharova, rainha em 2024. Em 2023 a vencedora foi… Alina Korneeva, na altura também proveninente da fase de qualificação como agora, dois anos depois.
Entretanto cresceu em todos os sentidos e quase furou o top 100 até as lesões aparecerem em força; elite a que Maria Timofeeva pertenceu (foi 93.ª em abril de 2024), sem antes ter igualmente percalços físicos que a atiraram para fora das 200 melhores do mundo.
A antiga campeã do torneio também imperou nas Caldas da Rainha em setembro, a adversária, praticamente quatro anos mais experiente, é novata em decisões nacionais. Mais uma semelhança? O número dois. Korneeva busca o bicampeonato no Tennis Club da Figueira da Foz, Timofeeva não atingia uma final há exatamente dois anos desde que, então como lucky loser (ou seja, bem vistas as coisas, vinda da fase de qualificação, como neste torneio) triunfou no WTA 250 de Budapeste.
Não esquecer que com esta caminhada no Oeste português ambas vão ingressar no qualifying do US Open.
Além de tudo isto, as próprias protagonistas lembraram que se conhecem relativamente bem. Começou a contar Korneeva, a primeira a garantir um bilhete para a cimeira decisiva, que mediram forças recentemente e como o desfecho não foi favorável há uma “motivação” para inverter esse resultado. Esse duelo foi resolvido com os parciais de 6-2 e 7-5 em favor de Timofeeva na segunda ronda da fase prévia do WTA 250 de Monastir, na época passada, quando a mais nova estava a regressar de uma paragem de sete meses após ser operada ao punho esquerdo – detalhe não esquecido por Korneeva na conferência de imprensa.
“Ela também é russa e lembro-me de um campo de treinos na Turquia onde penso que até ficámos no mesmo quarto. Temos alguma diferença de idades, mas conheço-a. E tive um treinador em Moscovo que chegou a ser treinador dela quando ela era mais nova. Por isso conheço-a há muito tempo”, lembrou.
A antiga colega de quarto corroborou a história. “Ela é quatro anos mais nova, faz-me sentir velha”, disse Timofeeva entre sorrisos, antes dos vários elogios à opositora deste domingo. “Nunca é fácil defrontar alguém do mesmo país. Ela é uma grande jogadora, tem passado por imensas lesões e não está com o ranking que devia ter neste momento. O nível dela é para estar dentro do top 100. Foi uma grande júnior, desenvolveu-se muito mais rápido do que o normal para a sua idade e já se sabia quão boa ia ser”.
“A Alina já ganhou o torneio, talvez agora seja o meu momento de sorte”, enalteceu Timofeeva, que considera vir do melhor nível de uma competição na qual ainda não perdeu sets e só consentiu 21 jogos, ao passo que Korneeva tem ficado agradada com a entrega à causa, mas pouco com o ténis praticado.
A ex-top 100 agora está sem pressão por ter o US Open garantido – Korneeva nunca teve bem essa pressão pois tinha a salvaguarda do ranking protegido em casa de insucesso nas contas. Mas do outro lado, a antiga número um mundial de sub-18 e vencedora de dois Grand Slams no escalão tem na Figueira da Foz um amuleto.
Como diz Timofeeva, e subscrevemos pois os condimentos estão todos presentes, “que a melhor rapariga ganhe”.