Pastel de nata de início, título no fim. Timofeeva “não podia pedir melhor semana” na Figueira da Foz

Beatriz Ruivo/FPT

FIGUEIRA DA FOZ – Maria Timofeeva gosta de rotinas, sejam elas comer sempre a mesma refeição para não dar azar ou pertencer consistentemente aos grandes palcos da modalidade. O problema, na perspetiva da russa de 21 anos, está precisamente na última parte. Quando aterrou no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, não atingia uma final há exatamente dois anos e estava bem fora dos lugares de apuramento para o qualifying do próximo US Open. Tudo mudou ao conquistar a nona edição do Figueira da Foz Ladies Open.

Mais do que conquistar, a antiga top 100 WTA – outra rotina dentro do campo perdida, já que a melhor cotação de carreira (93.ª) foi atingida em abril do ano passado – arrasou toda a concorrência. Sem desanimar por entrar na fase prévia do torneio português, uma má notícia porque as vitórias necessárias para o objetivo maior duplicaram, a moscovita despachou tudo e todas ao perder apenas 24 jogos ao cabo de sete triunfos e acabou a ceder somente três jogos diante uma ex-campeã da prova.

Apressada para regressar ao local de embarque para uns merecidos dias de descanso, a agora campeã de sete troféus descreveu como “surreal” o registo de jogos consentidos. “Não sabia o número, mas senti que estava muito confiante em cada encontro. Tratei cada encontro sem pensar se era uma meia-final ou uma final para não pôr pressão em mim mesma. Antes do torneio o meu objetivo era qualificar-me para o US Open e sabia que tinha que fazer quartos de final ou meias-finais. Estou muito feliz por ter concretizado essa meta e no final ganhar o torneio. Não podia pedir uma semana melhor”, contou já de troféu na mão na sala de conferências de imprensa da prova.

O troféu na mão era uma rotina em desuso. Também por isso a semana “vai ser sempre especial porque não ganhava um título há dois anos”. Talvez com o nível mais consistente de sempre num só evento, e até com o melhor nível de jogo, Timofeeva aponta ao top “120, 130” até final da temporada e depois “permanecer no top 100” onde já esteve efemeramente. “Quero ser consistente e jogar os maiores torneios”.

Um desses é o próximo, o US Open. Mais relevante por ter falhado por falta de cotação Roland-Garros e Wimbledon. Agora, mesmo que seja o oposto de uma rotina, Timofeeva já sabe o que é ser bem-sucedida numa das quatro maiores provas da modalidade, pois em 2024 alcançou os oitavos de final em Wimbledon.

Entre hábitos mais ou menos consumados e mais ou menos recentes dentro do court, Maria Timofeeva não abdica da mesma refeição mal começa a ter algum sucesso num torneio. Na Figueira da Foz, o segredo do êxito passou por um pastel de nata em todos os pequenos-almoços e um Açaí antes de todos os embates.

Talvez apaixonada pela iguaria nacional que ingeria todas as manhãs sem exceção, a russa promete regressar a Portugal brevemente, muito provavelmente já em setembro para o WTA 125 das Caldas da Rainha. E ficou especialmente surpreendida pela afluência dos figueirenses, sempre fiéis seguidores do torneio e que apareceram em massa para o derradeiro duelo, sobretudo quando compara a assistência deste título ITF W100 com a presenciada no momento em que venceu o maior título da carreira, o WTA 250 de Budapeste há exatos dois anos. “Lembro-me de as bancadas estarem vazias. Aqui os portugueses são muito simpáticos e não esperava ter tanta gente numa final num domingo às 11 horas entre duas joagdoras russas, sem jogadoras locais. As bancadas estavam cheias e estou muito agradecida”.

Tudo a que se propôs no Oeste do país, cumpriu. Quase tudo, porque há uma falha: após avançar para as meias-finais, Maria Timofeeva prometeu celebrar um eventual triunfo com um mergulho no oceano. Nem aconteceu nem esteve nos planos, já que tudo o que fez desde o início da final foi feito com a maior pressa possível. Não só resolveu o compromisso em 73 minutos como tinha todos os minutos contados para voltar ao aeroporto, de bagagem bem mais carregada do que quando aterrou e com as metas atingidas.

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