LISBOA — Francisco Rocha furou pela primeira vez o qualifying de um Challenger e fê-lo com aquela que não hesitou em classificar como a melhor vitória de carreira, motivo mais do que suficiente para chegar com um sorriso de orelha a orelha a uma conferência de imprensa em que também prometeu lutar por vingança nacional neste Lisboa Belém Open.
“Estou muito feliz. Mais do que o nível, foi em termos de superação mental porque jogar durante 3h20 contra um jogador que normalmente é de outras andanças tem de deixar-me satisfeito”, reconheceu depois de vencer o indiano Sumit Nagal (290.º, mas 68.º em julho do ano passado) por 4-6, 7-6(4) e 6-4.
Se na véspera celebrou de forma contida e encarou com naturalidade o triunfo da primeira ronda, esta segunda-feira o portuense abriu os braços, atirou a raqueta e a fita ao ar e já depois do cumprimento à rede ainda gritou. Gestos condizentes com a que foi “sem dúvida alguma a melhor vitória da carreira” porque “ele tem bastante mais nível do que o Beibit Zhukayev e Riccardo Bonadio [os melhores triunfos até esta jornada] e tem bastantes mais provas dadas.”
Sair por cima do braço de ferro em pleno Estádio CIF permitiu a Francisco Rocha sentir “um enorme alívio” depois de dar a volta a um encontro em que “acreditei sempre que o podia fazer.”
“Estive muito estável e por muito que [a vitória] não tenha sido assim tão natural, também não foi assim tão forçada. Acredito que tenho nível para ganhar estes encontros, para enfrentar estes jogadores e tal como disse ontem eles não me metem medo. É isso que faz com que possa parecer algo natural, porque tenho confiança no meu trabalho e em mim”, acrescentou.
A recompensa foi um bilhete para o quadro principal, quinto da carreira no ATP Challenger Tour, mas primeiro sem precisar de um wild card. E o próximo desafio será uma oportunidade de oferecer “alguma vingança” às cores portuguesas depois da derrota na visita ao Peru para a Taça Davis, dado que do outro lado da rede na primeira ronda terá Ignacio Buse.
O sul-americano defende o estatuto de quarto cabeça de série fruto do 113.º posto no ranking e venceu Jaime Faria e Nuno Borges nessa eliminatória de Lima, à qual Francisco Rocha assistiu à distância e que agora poderá usar para se preparar: “Vou tentar meter a bandeira de Portugal às costas e dar uma vingança às cores portuguesas, por muito que não seja bem uma vingança. Mas vou fazer o meu melhor. Ele tem provas dadas, mas eu estou a sentir-me extremamente confiante e confio nas minhas qualidades. Do fundo do campo ele fica ali o dia todo se for preciso, foi por aí que ganhou ao Borges porque estava mais tranquilo do que ele. Acho que tenho de continuar a servir bem, como tenho feito nestes encontros. E vou ter de meter o mesmo chip para amanhã, de continur a ser corajoso e ser eu a definir nos pontos mais importantes.”