Guia para um Lisboa Belém Open redobrado em qualidade e com pedigree nos píncaros

Beatriz Ruivo/FPT

LISBOA – “É o CIF, é o CIF”, já dizia o hino do Club Internacional de Foot-Ball escrito por Fernando Guerra. Por outras palavras, chegou aquela altura do ano onde a nata da nata – com trocadilho ou não – nacional centra-se em Lisboa e no já tradicional Lisboa Belém Open no histórico clube do Restelo.

Decorria o ano de 2017 quando ocorreu a primeira edição da prova Challenger, que sobreviveu interruptamente mesmo em ano de pandemia. Jogadores do calibre de Oscar Otte, Tommy Robredo, Roberto Carballes Baena, Jaume Munar, Marco Cecchinato, Flavio Cobolli abrilhentam a galeria de campeões de uma competição que chegou a contar com as ilustres presenças de Félix Auger-Aliassime, Alex De Minaur, Christian Garín, Alejandro Davidovich Fokina, Alexei Popyrin, Adrian Mannarino, Steve Darcis. Em 2020, Pedro Sousa, o menino da casa, só foi travado na final por Munar.

Beatriz Ruivo/Lisboa Belém Open

Em 2021, as ambições de ancorar um torneio feminino na mesma semana concretizaram-se, pelo que a temporada de 2025 marca a quinta edição do torneio como prova combinada. A maior novidade passa pela dimensão da competição feminina, este ano promovida à categoria mais alta das provas da Federação Internacional de Ténis (W100), pelo que este é o Lisboa Belém Open mais forte de sempre.

Vamos aos motivos de maior interesse em ambos os torneios:

Devido a lesões, Gastão Elias (coxa esquerda) e Francisca Jorge (tornozelo direito) são os grandes ausentes no contingente nacional. Especialmente relevante por se tratarem de duas das grandes figuras do ténis português, não só da história atual. Ainda assim, Jaime Faria (118.º ATP, 87.º em fevereiro e nono português a ingressar num top 100 de singulares), Henrique Rocha (171.º), Matilde Jorge (240.ª WTA), Frederico Silva (241.º ATP), Tiago Pereira (283.º), Pedro Araújo (474.º), Angelina Voloshchuk (537.ª WTA), Ana Filipa Santos, Sara Lança e Teresa Franco Dias vão a jogo no CIF e muito deles com expetativas de chegarem às rondas finais das respetivas provas.

Henrique Rocha e Pedro Araújo, dois jovens lusos conhecidos de longa data, vão mesmo protagonizar um suculento encontro na ronda inaugural do certame masculino já esta segunda-feira. Rocha venceu o único duelo internacional entre ambos. Há cerca de dois anos deram um belo espetáculo na meia-final do Campeonato Nacional Absoluto, também ganha pelo mais novo (21 contra 23 anos) e mais cotado.

Sara Falcão/FPT

Tiago Pereira teve o sorteio menos afortunado de todos e terá pela frente, também esta segunda-feira, o talentoso dinamarquês Elmer Moller (115.º), campeão em título de dois Challenger nacionais – Braga Open (2024) e Oeiras Open 125.

Não só o jovem escandinavo de 22 anos aparece em Lisboa como figura bem conhecida dos portugueses. Guy Den Ouden (160.º) impôs-se recentemente na CT Porto Cup, prova que Carlos Taberner (104º, antigo 83.º) viu fugir entre as mãos há um ano, tal como viu escapar-lhe o Maia Open de 2020.

Para além do espanhol – e de Jaime Faria – há outros nomes a terem figurado na elite dos 100 melhores a competir em Portugal. Thiago Seyboth Wild (que até já arrecadou um título ATP), Thiago Monteiro (vencedor do Braga Open em 2021) e Daniel Galan e Stefano Travaglia já estiveram até bem dentro de um grupo que Elias Ymer – finalista de um Oeiras Open em 2024 e presença habitual por cá – ficou à porta em 2018.

Os três antigos campeões do torneio presentes no quadro já pertenceram, igualmente, ao restrito grupo de elite e são sempre referências a ter em conta em competições no pó de tijolo. Roberto Carballes Baena (110.º, 49.º em 2023), vencedor da terceira edição, e Marco Cecchinato (275.º, mas 16.º em 2019 e semifinalista em Roland-Garros em 2018), rei do Restelo em 2022, voltam a um local de boas memórias, tal como o campeão em título Alexander Ritschard (332.º, entrou no top 100 ao superar toda a concorrência há um ano), que tal como Cecchinato teve de superar a fase de qualificação. Andrea Pellegrino, finalista desta prova em 2021 e do Millennium Estoril Open deste ano, também se juntou ao nono Challenger luso da temporada.

Beatriz Ruivo/Federação Portuguesa de Ténis

Jovens talentos como Vilius Gaubas, Matej Dodig, Daniel Merida e, especialmente, Joel Schwaerzler, outrora no trono da hierarquia de sub-18, e Jerome Kym (155.º, ex-top cinco de juniores e no último US Open chegou à terceira eliminatória oriundo da fase de qualificação) marcam presença no CIF, num torneio onde o checo Vit Kopriva (primeiro cabeça de série fruto e único top 100 atual em Lisboa, antigo 78.º) e o peruano Ignacio Buse (113.º), numa série de sete triunfos consecutivos – título Challenger e dois êxitos na eliminatória contra Portugal na Taça Davis – e 13 nos derradeiros 15 embates (superou a fase de qualificação do Us Open) chegam com legítimas aspirações ao título.

Pontos e prize-money:

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Prize-money€371€742€1.608€2.595€4.449€7.667€12.858€21.895

O lado feminino, este ano então pela primeira vez com o mesmo estatuto do masculino (100 pontos em jogo para os respetivos vencedores), conta com um cartaz ainda melhor que o recém-finalizado WTA 125 nas Caldas da Rainha. Senão vejamos um exemplo: Matilde Jorge jogou o torneio do Oeste como sexta cabeça de série e no CIF foi das últimas a ingressar no quadro.

A fortaleza da prova explica-se pela superfície e pelo calendário. Numa altura em que o circuito feminino se fiocou com armas e bagagens na Ásia, o Lisboa Belém Open aparece como a maior prova de terra batida da semana, o que trouxe várias especialistas à capital, numa lista que chegou a parecer inverosímil quando veio a público tal a qualidade das intervenientes.

Entretanto, emagreceu naturalmente um pouco, mas ainda assim há oito tenistas do top 200 WTA (houve uma altura, há meia dúzia de dias, em que todas as inscritas estavam nesse grupo).

As maiores figuras, curricularmente falando, são claramente Tamara Zidansek e Julia Grabher. Zidansek já atingiu as meias-finais em Roland-Garros, possui um troféu no circuito principal em duas finais, chegou ao posto 22 da tabela feminina e é uma verdadeira especialista no pó de tijolo; Grabher tem uma direita dita e feita para terra, já foi a 54.ª melhor do mundo e em 2023 só parou na final do WTA 250 de Rabat. Tanto uma como a outra serão cabeças de série no Restelo e duas das maiores candidatas a suceder à prodígio Victoria Jiménez Kasintseva, agora noutros palcos.

Há três jogadoras, também no lote de pré-desigandas, que aterraram em Lisboa em grande forma. A russa Oksana Selekhmeteva (125.ª, melhor cotação da carreira) vem de triunfar no WTA 125 de San Sebastian; na mesma semana, a suíça Simona Waltert (116.ª) chegou à final em Ljubljana, na mesma categoria; e a letã Darja Semenistaja (104.ª, principal cabeça de série) está a realizar uma tremenda temporada, onde consta um troféu WTA 125 em duas finais e outras cinco semifinais, uma das quais no CETO em abril.

A espanhola Leyre Romero Gormaz (132.ª) e a jovem belga Hanne Vandewinkel (162.ª) são igualmente tenistas a ter em conta na quinta edição da prova feminina do Lisboa Belém Open.

Pontos e prize-money:

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Pontos35112213965100
Prize-money216€347,25€843€1.419€2.341€4.070€7.414€13.859€

A transmissão televisiva estará a cargo da Sport TV entre terça-feira e domingo. Nos quatro primeiros dias com três encontros (dois masculinos, um feminino) a partir das 13 horas, no sábado novamente com três encontros só que logo às 11 horas e já no domingo, com as duas finais, no mesmo horário.

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