LISBOA – Darja Semenistaja e Simona Waltert são as finalistas da quinta edição feminina do Lisboa Belém Open (ITF W100, por isso a prova mais importante) e têm muito mais em comum do que aparenta.
Semenistaja é baixa, esquerdina e vem da Europa de Leste. Waltert é alta, destra e da Europa Central. E se é verdade que a número dois da Letónia está na melhor fase da carreira, a quarta melhor helvética da atualidade viveu em 2023 momento semelhante, ainda que agora esteja a competir com maior regularidade em fases adiantadas de torneios importantes.
Tudo isto é verdade, mas as duas aterraram em Lisboa para serem as mais cotadas do torneio e ambas estão a um pequeno passo da estreia no top 100 WTA – Semenistaja é a 104.ª da tabela e virtualmente até já aparece na elite, Waltert joga o torneio no posto 116 e mais um êxito coloca-a no encalce das 100 primeiras. Tanto uma como a outra não cedeu qualquer set a caminho da final.
“As condições são muito diferentes dia para dia e todos os encontros são duros, mesmo que não pareça”, confessou Semenistaja, que não só passou pela ex-54 WTA Julia Grabher como pelos pingos da chuva, literalmente. “Estava com pressa. Podíamos parar a cada instante e no último jogo chovia muito, vi que tinha uns dois minutos e não queria errar. Quando acabou o encontro, o desastre [a chuva] começou”, disse em conferência de imprensa, sempre a sorrir e visivelmente aliviada.
E num dia que começou com o triunfo na final de pares de Matilde Jorge ao lado da suíça Naima Karmoko, Waltert não quer ver a compatriota vingar sozinha. “É sempre bom jogar uma final e vou dar o meu melhor para colocar novam ente a Suíça em primeiro”.
O tempo foi um dos temas das respetivas resenhas e a necessidade eventual de reprogramar a final para os campos cobertos do Club Internacional de Foot-Ball. Nenhuma se mostrou particularmente preocupada com a situação até porque nessa possibilidade ambas chegarão em pé de igualdade. Mas caso aconteça será uma espécie de déjà vu para Simona Waltert, uma das atletas que veio à edição passada (atingiu os quartos de final, tal como em 2021) e viu o torneio ser arrasado pela chuva até ao fim de semana terminal. “Quando ganhei a primeira ronda a jogar outdoor já era um torneio melhor do que há um ano”, brincou a sempre bem-disposta tenista de 24 anos, contente por a organização dar chance à prova ITF de jogar no Estádio CIF e a helvética venceu por lá dois embates, um deles face a Angelina Voloshchuk.
Nenhuma quis abrir muito o jogo sobre a final deste domingo, mas os elogios foram mútuos. Mas sobre a proximidade do primeiro grande objetivo de carreira nem uma o esconde. “Claro que o top 100 é um objetivo” – enfatizou Waltert -, “mas não estou a contar os pontos, apenas sei o meu ranking. Não é a primeira prioridade agora, essa passa por jogar o meu melhor amanhã e desfrutar da final porque não é todas as semanas que se joga uma final”.
“Difícil não pensar no top 100 estando tão perto. Mas não depende de mim, porque quem estiver bem em Pequim [WTA 1000] faz mais pontos. Estou sempre a confirmar os pontos de tudo e todos, só que tento não pensar nisso porque sou eu que tem de fazer os resultados. Sou eu que tenho de merecer e prova-lo. Estou só focada em mim e espero que o top 100 apareça”, esclareceu Semenistaja.
Os elogios a Portugal foram muitos, em particular por parte da mais experiente nestas andanças, Simona Waltert. “É sempre bom jogar uma final, a segunda do ano. Faz-me ainda mais feliz por ser num país onde tenho grandes memórias. Os clubes são bons, gosto da natureza e do verde e os clubes são assim aqui. As pessoas são amigáveis, a organização é sempre boa. Para os jogadores é sempre bom jogar em Portugal”. Já Semenistaja considera os courts algo escorregadios, mas “nada a reclamar, Portugal está a tratar-me bem este ano”, aludindo à semifinal de abril no Oeiras CETO Open. Outra semelhança entre ambas, já que Waltert na semana anterior só parou nas meias-finais do Oeiras Ladies Open WTA 125.
Os dados estão lançados e a final vai arrancar às 11 horas no Estádio CIF, caso a chuva permita. Darja Semenistaja vai jogar a 21.ª da carreira (17-3 de saldo) e a terceira da época (uma vitória e uma derrota em WTA 125); Simona Waltert a 20.ª decisão (7-12), segunda do ano e seguida após a final WTA 125 de Liubliana, a maior da carreira, na prova anterior. A primeira vai em busca do terceiro maior troféu, a segunda do mais relevante do palmarés.