Uma vez casa, para sempre casa: Vilius Gaubas sai do país adoptivo com bagagem alargada

Beatriz Ruivo/FPT

LISBOA – Vilius Gaubas repetiu mais do uma vez ao longo da semana o quão bom era estar de regresso a Portugal e que quando viu o logo ‘Lisboa’ no Estádio CIF imaginou-se a ganhar o torneio até como forma de celebração pelo passado. Pois bem, o número um da Lituânia concretizou os ensejos e celebrou no país outrora casa o segundo título Challenger do ano e terceiro do palmarés.

Dos nove aos 15 anos, Gaubas foi orientado por Pedro Pereira e viveu em Tavira. Ainda hoje mantém uma relação com o treinador algarvio e com o filho Tiago Pereira, que o vê como um irmão. Aliás, enquanto a dupla portuguesa se manteve em competição jantou com o agora espanhol de adoção – treina com o ex-23 ATP Guillermo Garcia Lopez, que não tem viajado tanto por estar a ver a família a aumentar.

“Ganhar aqui sabe a ganhar a casa. É sempre bom estar em Portugal e sair com um título é algo incrível”, começou por dizer na conferência de imprensa de rescaldo de uma semana na qual bateu dois portugueses: Frederico Silva na segunda ronda e Henrique Rocha no derradeiro duelo, um colega da geração de 2004 que conhece há vários anos. “Ele é um tremendo lutador e sabia que ia ser difícil. É um bom amigo, por isso fácil nunca seria”.

Vencer uma final em 3h04 é digno de registo. Vencer uma final em 3h04 perante um estádio a apoiar o adversário é ainda mais dignificante. Fazer tudo isto após ter saído do court às 22h18 da noite anterior depois de triunfar numa meia-final jogada literalmente à chuva do início ao fim é deveras impressionante, ainda para mais depois de recuperar de break abaixo nos dois parciais conquistados.

“Disse ao meu treinador no fim que quase não acreditei depois de perder o primeiro set. Mas tentei convencer-me a fazer um esforço extra e no final valeu a pena. Estava pronto para ter as bancadas cheias de portugueses a apoiá-lo, por isso continuei a lutar até ao fim. Estou muito orgulhoso de mim e da minha equipa por estar tão bem fisicamente”, sublinhou, destacando também que detalhes como a calma e a solidez nos momentos de maior aperto desequilibraram a balança para o seu lado num embate tão equilibrado.

Desde a final Challenger em Roma, em abril, que Gaubas não encarrilava boas vitórias consecutivamente. Daí que as expetativas não estivessem “muito altas” à chegada a Lisboa. Agora serão maiores à ida para Braga, onde tem estreia agendada com Guy Den Ouden, num confronto entre os dois mais recentes campeões de Challengers em Portugal (o neerlandês sobressaiu na CT Porto Cup). Há que “mudar o chip” e não tirar muito tempo a mente da competição porque não se pode entrar dentro de campo relaxado.

Virtualmente novamente dentro do top 150 ATP, – tem como melhor cotação a posição 143 -, o objetivo estabelecido para encerrar 2025, Vilius Gaubas sabe que terá, provavelmente, de repensar objetivos com o troféu amealho no CIF. E caso faça uma inédita dobradinha Lisboa-Braga (ou o inverso, pois inicialmente a prova na cidade dos arcebispos vinha em primeiro lugar) prometeu dizer umas palavras em português no novo rescaldo. Nada de novo para quem viveu seis anos por cá, apenas há que perder a ferrugem e a timidez.

Aliás, fica a dica: se quiserem falar do Gaubas em português à frente do próprio, não o façam. É bem provável que venha a perceber a maior parte do que foi dito.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Total
0
Share
Vista geral sobre privacidade

Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência de navegação. As informações são guardadas no seu browser e permitem reconhecer o seu regresso ao website, bem como ajudar a nossa equipa a perceber que secções acha mais úteis e interessantes.