Do WhatsApp para o court, Francisco Cabral tem caminho traçado para os torneios de elite

Beatriz Ruivo/FPT

Uma mensagem no grupo de WhatsApp que reúne os melhores especialistas do mundo colocou Francisco Cabral e Lucas Miedler lado a lado e a nova dupla não demorou a dar frutos, resultados promissores que aumentam a confiança do número um nacional e o colocam cara a cara com oportunidades que podem mudar a carreira.

Depois de um ensaio em Marraquexe, o português e o austríaco conquistaram o título em Madrid e terminaram como finalistas em Oeiras, título — seria o terceiro maior da carreira — que escapou “pela margem mínima” com “alguma infelicidade” à mistura. Mas este já não é o primeiro ano de Cabral ao mais alto nível (nem o segundo, nem o terceiro) e a experiência ajuda-o a relativizar.

Triste por não voltar a fazer a festa em casa, num palco onde conquistou três dos oito títulos Challenger que já ergueu em Portugal, o portuense de 28 anos soube olhar para o desfecho como algo que, a longo prazo, terá “mais aspetos positivos do que negativos” a levar do Jamor.

Quanto ao início da ligação ao austríaco, prestes a celebrar o 29.º aniversário, é digno de uma transcrição total do relato na primeira pessoa: “Temos um grupo no WhatsApp em que estão os 100, 120 primeiros de pares. Serve para combinarmos treinos, procurarmos parceiros e eu na altura perguntei se alguém estava à procura de parceiro para a temporada de terra batida. Ele respondeu-me, disse que queria jogar comigo e que até nem se importava de mudar para o lado direito [jogavam ambos no esquerdo]. Eu respondi-lhe e ficámos de falar para começarmos a jogar na semana de Marraquexe. Depois de mais uma conversa para aqui e de uma conversa para ali senti que era melhor opção eu trocar, tendo eu a esquerda a duas mãos e por ser mais alto, ele também tem um currículo muito bom a jogar daquele lado, dava-me muita segurança e muita tranquilidade.”

Cabral espera que Miedler seja o parceiro que Arribage (com quem ganhou os Challengers de Braga e Maia a fechar 2024) acabou por não ser, ou seja, que com ele consiga jogar de forma fixa. O objetivo passa por conseguir chegar aos grandes torneios de forma regular — nunca jogou um ATP Masters 1000 — “porque uma excelente semana a esse nível pode mudar o ano ou até a carreira.”

Assim sendo, o objetivo é “arriscar” a ida a jogo como alternate e é por isso que do Jamor a dupla seguirá até Madrid, ainda que separada: o português inscreveu-se no ATP Masters 1000 espanhol ao lado de Guido Andreozzi e precisa de quatro desistências para disputar pela primeira vez uma prova desta dimensão, enquanto o austríaco juntou o nome ao de Hendrik Jebens e está um lugar à frente. “A verdade é que planeamos jogar juntos, portanto se um de nós for a um torneio e ganhar com outro parceiro isso acaba por ser bom para a dupla na mesma porque melhoramos a soma dos dois rankings e isso dá-nos mais possibilidades de entrarmos nos torneios maiores. É algo que faz sentido enquanto não conseguimos entrar juntos”, explicou.

A campanha em Oeiras ajudou Francisco Cabral a subir mais três lugares no ranking (54.º), ficando cada vez mais próximo do regresso ao top 50 e do 45.º lugar que alcançou em setembro de 2022. “Sempre atento” e “a par de quem sobe e desce dependendo de cada resultado”, o especialista português sabe o caminho que precisa de fazer para ser presença assídua no circuito principal e alcançar o objetivo de “jogar mais ATP 500 e Masters 1000”, onde os pontos conquistados desbloqueiam caminhos maiores.

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