PARIS — Depois de tornar-se no primeiro homem português a recuperar de dois sets a zero em torneios do Grand Slam, no primeiro a vencer um adversário do top 10 a este nível e no primeiro a chegar à terceira ronda de Roland-Garros, Nuno Borges concluiu esta sexta-feira a campanha individual em Paris.
No dia mais quente da semana, com as temperaturas a rondarem os 30 graus, o melhor português da atualidade (41.º do ranking mundial) cedeu pelos parciais de 6-4, 7-6(11) e 7-6(5) para o australiano Alexei Popyrin (25.º).
O terreno desta sexta-feira era desconhecido para um homem português (Michelle Larcher de Brito foi, em 2009, a única a alcançar a terceira ronda na catedral da terra batida). E Borges, que procurava fazer em Paris o que já conseguiu em Melbourne e em Nova Iorque, começou lento.
Com alguma apatia nos primeiros jogos, o maiato sentiu dificuldades em controlar a saída de bola e demorou a encontrar boas sensações, nomeadamente na resposta, mas elevou o nível na segunda partida e esteve perto de igualar o marcador. Por essa altura, Popyrin queixou-se do braço e deu sinais de poder sofrer uma quebra anímica, mas nos momentos de aperto o australiano fez uso do serviço (constantemente acima dos 210km/h, 13 ases no total) e da direita, acentuada pelo calor, para prevalecer.
Borges ainda anulou cinco set points na segunda partida, mas uma dupla falta ao 10-10 comprometeu o tie-break que poderia ter dado um novo significado ao terceiro embate com Popyrin. Ao 5-5 do terceiro set, o jogador de Sydney teve um break point pela frente. A solução? Três ases consecutivos que o encaminharam para um segundo tira-teimas, este com o ascendente sempre do seu lado até terminar, em três horas, com 51 winners apontados.
A prestação histórica de Nuno Borges em Roland-Garros chegou ao fim nos singulares, mas no sábado o tenista português voltará à ação para, ao lado do francês Arthur Rinderknech, procurar um lugar nos oitavos de final.
Em prova está ainda o estreante Henrique Rocha, que depois de ultrapassar o qualifying “imitou” o compatriota e também anulou uma desvantagem de dois sets para inscrever o nome na terceira ronda. Este tornou-se no primeiro torneio do Grand Slam a contar com dois jogadores lusos nesta fase.
Agora, o mais novo dos quatro participantes (Jaime Faria foi eliminado na primeira ronda de singulares, Francisco Cabral na de pares) segura a bandeira e pode tornar-se no primeiro português de sempre a alcançar os oitavos de final de singulares na catedral da terra batida.