PARIS — Nuno Borges não cortou nas palavras quando chegou a hora de analisar a derrota desta sexta-feira para Alexei Popyrin na terceira ronda de Roland-Garros e lamentou o nível exibido depois de fazer história em Paris.
“Faltou jogar melhor. Fiz muitos erros não forçados, houve muitas bolas em que tomei as decisões erradas ou executei mal. Passei dois sets sem conseguir responder ao serviço dele, é patético. A este nível é a verdade, não pode acontecer. Mesmo assim estive perto e senti que fisicamente, no fim, estava melhor do que ele, mas não consegui jogar bem”, lamentou o número um nacional (41.º), que há dois dias se tornou no primeiro homem português a chegar tão longe na catedral da terra batida — entretanto viu o amigo Henrique Rocha fazer o mesmo.
“Para ser sincero, ponho um bocadinho em causa a terceira ronda, porque sabia que estava na terceira ronda, mas não joguei da menria que estava à espera. Sabia que tinha de trabalhar para ganhar hoje, mas não consegui fazer as coisas bem. A terra batida exige muito mais do que o piso rápido e senti-me vulnerável em várias situações”, acrescentou Borges.
Questionado se poderá ter havido relação com as expetativas, o maiato foi peremptório: “Sinceramente, tinha os pés bem assentes na terra. Sei que só consegui crescer no encontro com o Casper [Ruud] porque ele não estava bem fisicamente,. Hoje tinha de jogar melhor, mas as condições estavam muito diferentes. No outro dia as respostas estavam a encaixar ao nível da cintura, hoje foi tudo muito mais alto, com a bola muito mais saltitona. Tive muitas dificuldades na esquerda, principalmente a responder, e o serviço dele já ia saltar mais à partida e com esta diferença de temperatura ainda aumentou.”
Por isso, na hora da despedida aos singulares (no sábado joga a segunda ronda de pares) teve dificuldades em “ver algo de positivo” por causa da “frustração”, mas ainda conseguiu encontrar lucidez para afirmar que desta semana retirou “100 pontos extremamente importantes” e uma prestação “que faz os outros jogadores ver que estou aqui para competir e para ficar.”
