Ana Filipa Santos sai do CIF com “um feito enorme” e uma reflexão para atacar o que resta de 2025

Álvaro Isidoro/FPT

LISBOA — O Lisboa Belém Open deu a Ana Filipa Santos uma vitória desejada e vai aproximá-la do top 1000, movimentação importante para definir calendário e lutar pelo melhor ranking da carreira agora que está livre de lesões. Na despedida do CIF, a alentejana de 29 anos ainda refletiu sobre o que o lado de jogadora tem de aprender com o de comentadora.

“Já andava há algum tempo à procura deste tipo de vitórias”, confessou no arranque da conferência de imprensa logo após superar a primeira ronda do quadro principal de um ITF W100 pela primeira vez.

“Sem dúvida que foi um feito enorme para mim. Surgiu uma oportunidade que consegui aproveitar da melhor maneira e isso deixa-me muito feliz”, acrescentou, antes de explicar que após converter o match point “só estava a pensar que tinha conseguido superar as minhas expetativas e superar mentalmente as coisas que vimos a trabalhar há algumas semanas.”

A carreira de Ana Filipa Santos tem sido marcada por lesão e em 2025 a jogadora de Santiago do Cacém enfrentou mais um problema físico, no caso uma hérnia. Com paragens acumuladas, “tem sido difícil a nível mental lidar com as emoções todas” e esse processo “culminou nesta vitória.”

A jogadora portuguesa soube, assim que conheceu o sorteio, que no Lisboa Belém Open teria uma oportunidade de ouro para vencer pela primeira vez a este nível e na manhã do encontro preparou-se com “uma self talk para tentar inverter a pressão porque sabia que era uma primeira ronda que não se apanha todos os dias num W100.”

A introspeção ajudou-a a alcançar um triunfo que “é muito importante porque o mundo anda à volta do sucesso e se não obtens resultados fica mais diícil justificares o investimento e essa é uma pressão extra que coloco em mim mesma”, mas também porque os 12 pontos amealhados no CIF vão deixá-la às portas do top 1000 e com condições para definir com mais facilidade o calendário dos meses que se seguem: “Isto vai ajudar-me muito porque com o ranking atual fiquei a 20 e tal alternate num ITF W35 no Brasil, que seria a minha ideia para as próximas duas semanas. Com o novo ranking eventualmente já entraria nesse quadro principal e isso permite-me decidir um bocadinho melhor em termos de viagens, porque a nível financeiro já se sabe que não é assim tão fácil, mas com o ranking dentro do normal fica mais fácil e é um alívio enorme.”

Com poucas horas para descansar e preparar o segundo embate individual, Ana Filipa Santos acabou travada pela oitava cabeça de série na jornada de quinta-feira. Perdeu por 6-1 e 6-0 com a espanhola Guiomar Maristany num “dia difícil” em que acusou o tempo passado no court na jornada dupla anterior (também venceu em pares com Angelina Voloshchuk). “Não consegui lidar bem com isso, na verdade nem consegui dormir como deve ser. Mas faz parte, é uma situação com que ainda tenho de aprender a lidar e a gerir melhor. Não entrei da melhor maneira e ela foi melhor do que eu no primeiro set. O cansaço entrou muito em jogo e mentalmente também não consegui ir buscar as coisas que eram precisas para dar a volta ao jogo, foi muito por aí.”

“Não consegui lidar bem com o facto de as coisas não estarem a sair como queria. Ela mudou os padrões de serviço em relação ao que eu esperava, a minha bola não estava a andar quase nada e estava a sair curta, por isso ela aproveitava todas essas situações e eu assustei-me com isso. Fez-me pensar que se calhar não analisámos isto assim tão bem, mas a verdade é que o Filipe [Brandão, treinador] depois disse-me que eu paniquei com isso e que a treinadora dela provavelmente também fez o trabalho de casa, então pode ter mudado um pouco para eu me assustar e se assim foi teve sucesso.”

Desafiada a refletir sobre se à Ana Filipa Santos jogadora falta a capacidade de leitura da Ana Filipa Santos comentadora (faz parte da equipa DAZN), respondeu que “a minha dificuldade é eu olhar para o lado de lá e sentir que tenho uma tática com que posso ganhar, mas para isso tenho de cumpri-la ao extremo e muitas vezes não é isso que acontece.”

“Sou uma jogadora criativa e agressiva à minha maneira e sinto que preciso de ter muita tranquilidade para acreditar que consigo cumprir a tática que delineei. Muitas vezes sinto que entro no encontro a ver o que é que vai acontecer e se for um bocadinho fora daquilo de que estou à espera saio do estado em que preciso de estar, começo a ficar frustrada, a panicar e a apressar-me. E não é que eu não tenha consciência que isso está a acontecer, tenho e acho que é por isso que ainda fico mais frustrada. É um bocadinho contraditório, mas é o que sinto”, concluiu.

Agora, segue-se o regresso aos hard courts para abordar a reta final de 2025 em Portugal: primeiro no Algarve, com o ITF W75 da Quinta do Lago em dúvida e os ITF W35 de Lagos, Loulé e Faro certos na agenda, depois no Funchal e em Lousada.

Conferência de imprensa após a primeira ronda:

Conferência de imprensa após a segunda ronda:

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