Entrevista exclusiva a Rita Vilaça

Rita Vilaça é uma das tenistas em destaque neste primeiro semestre de 2014 ao lutar pela sua sorte em torneios do circuito ITF disputados um pouco por todo o mundo. Actualmente com vinte anos, a tenista bracarense aceitou o nosso convite e é a grande convidada para uma entrevista que vai para o ar no dia em que o Ténis Portugal comemora o seu quarto aniversário.
ENTREVISTA
  • Ténis Portugal: Tens apostado bastante em torneios de circuito ITF nos últimos meses. Como avalias as tuas prestações até aqui? Correspondem às tuas expectativas?
Rita Vilaça: A aposta em torneios do circuito ITF tem sido realizada nos últimos anos. Em 2014, voltei a apostar neste circuito e tem sido positivo na medida que sinto que estou a ganhar mais confiança e a desempenhar cada vez melhor aquilo que tenho treinado. Não deixa de ser um processo evolutivo em que as próprias vitórias e derrotas são construtivas. Quanto às minhas expetativas, vão-se ajustando às minhas prestações nos torneios.
  • Ténis Portugal: Este ano começaste por jogar torneios no Brasil e só depois vieste para a Europa. Que aspetos tens em conta quando planeias a tua ‘digressão’ e como geres os torneios que disputas?
Rita Vilaça: A participação nos três torneios no Brasil foi um desafio colocado por um dos meus patrocinadores e que permitiu dar o pontapé de arranque à “digressão” 2014.
É claro que a questão monetária é a principal e, atualmente, tenho que adequar a minha participação nos torneios com o meu ranking pois na maioria dos torneios ainda não consigo entrar nos quadros principais ou até mesmo nos qualifyings. É óbvio que inerente à questão monetária encontra-se associada a grande questão dos patrocínios – este ano tem corrido razoavelmente bem uma vez que já conto com novos patrocinadores mas que, no entanto, ainda não conseguem cobrir de todo os gastos associados à minha participação nos torneios.
Outro fator que também tenho em conta ao planear os torneios é o tipo de piso: uma vez que a terra batida é a minha superfície favorita, procuro jogar torneios nesta superfície, tendo também em atenção as táticas de jogo que aí são adotadas.
  • Ténis Portugal: Para além da vertente de singulares, tens jogado também muitos quadros de pares. Vês estes jogos como uma forma de ganhar ritmo ou são uma aposta definitiva, tal como os singulares?
Rita Vilaça: Os jogos de pares, apesar de também serem uma forma de obter ritmo, são competições que trabalham outros aspetos do meu jogo, tais como os aspetos mentais, podendo posteriormente ser aplicados às competições de singulares. Assim, encaro estes jogos como um complemento, onde de alguma forma partilho o jogo com a minha parceira dentro das quatro linhas o que é algo que não se encontra nos desportos individuais (vertente de singulares).
A minha participação nos quadros de pares encontra-se também associada à necessidade de colmatar algumas despesas, uma vez que, apesar de reduzido, o prize-money sempre ajuda. No entanto, gosto de avaliar muito bem este rácio pois muitas vezes, principalmente quando viajo de torneio em torneio, é preferível não participar na vertente de pares pois permanecer no torneio só por esta variante acarreta mais custos.
  • Ténis Portugal: O ranking é importante para poderes disputar torneios sem teres de participar na fase de qualificação. Este é um dos teus principais objetivos para os próximos tempos ou sentes que para já é positivo disputares mais encontros?
Rita Vilaça: O ranking é bastante importante. Não só para poder optar por jogar torneios em determinadas zonas geográficas, entrar diretamente no quadro principal, jogar mais jogos, mas essencialmente para jogar outra categoria de torneios, de nível superior.
Por um lado, jogar o qualifying permite-me fazer mais jogos; contudo, acarreta mais custos pois tenho que ir para o torneio três dias mais cedo do que se entrasse diretamente no quadro principal. Por si só esta situação acarreta custos e aliado ao facto de que esta fase de qualificação não atribui pontos, justifica a necessidade de ter ranking.
  • Ténis Portugal: Eleges a terra batida como tua superfície preferida e é precisamente nela que disputaste todos os torneios até à data. Que vantagens consideras ter neste piso?
Rita Vilaça: Efetivamente a terra batida é o meu piso de eleição, fazendo-me sentir bastante confortável. Neste tipo de piso consigo adequar muito mais o meu tipo de jogo em topspin, trabalhar muito mais a bola e sendo um piso muito mais lento permite também mais trocas de bolas.
  • Ténis Portugal: Apesar de todos os esforços, continuam a existir muito poucos torneios ITF em Portugal. De que forma pode isto interferir com o ténis português e evolução das jogadoras, que sempre que possível tentam ganhar pontos para poderem jogar mais torneios? Sentes-te tu também limitada por isto?
Rita Vilaça: É certo que nos últimos anos têm aumentado o número de torneios ITF realizados em Portugal, mas infelizmente apenas na vertente masculina pois a vertente feminina tem tido uma tendência contrária. Esta tendência prejudica os praticantes da modalidade que não têm possibilidade de viajar para o estrangeiro e também não motiva as jogadoras que procuram começar ou introduzir-se neste meio.
Por isso, também me sinto limitada por existirem poucos torneios. Não podendo competir em Portugal, temos que procurar essa oportunidade no estrangeiro o que, mais uma vez, acarreta custos e que na presença de um orçamento limitado, faz com que o número de torneios que se possa jogar seja inferior e até mesmo reduzido.
  • Ténis Portugal: Quais são os principais aspetos que consideras ter de melhorar no teu jogo? E as tuas melhores armas, quais são?
Rita Vilaça: Como qualquer jogador que pretende crescer nesta ou noutra modalidade, todos os aspetos individuais têm que ser exponenciados ao máximo. Temos que transformar os aspetos menos bons em positivos e os que já são bons em excelentes. As minhas melhores armas são o serviço e a direita, sendo que procuro potenciar o meu jogo aproveitando o facto de ser esquerdina. Acrescentaria que a minha esquerda em slice é uma vantagem nas variações de ritmo de jogo, embora também seja um aspeto que procuro potenciar para o futuro.
Tenho noção de que tenho muito trabalho pela frente e tenho ainda que melhorar mais a minha preparação física e mental.
  • Ténis Portugal: É muitas vezes referido que jogadores esquerdinos têm uma ‘vantagem’ à partida para o encontro, não só por servirem do lado das vantagens quando estão a um ponto de vencer o jogo mas, também, por os adversários não estarem tão habituados. Isto influencia o teu jogo? O facto de uma adversária ser destra ou esquerdina influencia a tua preparação?
Rita Vilaça: O facto de poder enfrentar uma jogadora esquerdina efetivamente faz com que altere determinados aspetos do meu jogo mas tento que não afete o meu padrão de jogo uma vez que ao adotar um tipo de jogo que não seja o habitual, pode vir a demonstrar-se menos eficaz. Também tenho a noção que o facto de eu ser a esquerdina quando o circuito está melhor preparado para atacar o jogo de destras também é algo que pretendo tirar partido.
  • Ténis Portugal: No site da ITF é referido que gostas de nadar, ouvir música, estar na internet e jogar. Estas são coisas que faças constantemente e, até, como ritual antes dos jogos? Podes falar-nos um pouco de como passas esse tempo antes de um encontro?
Rita Vilaça: Como ritual antes dos jogos procuro falar com a equipa que me acompanha, bem como com a minha família, de forma a motivar-me e a informar-me sobre os meus jogos. Sou pouco supersticiosa e apenas tenho o “ritual” de mudar os grips das minhas raquetes antes do torneio e de preparar as minhas bebidas energéticas antes de cada jogo. Quando estou prestes a entrar em campo faço exercícios de movimentação e alongamentos simples enquanto ouço música.
  • Ténis Portugal: A Fed Cup é um objetivo a curto-prazo?
Rita Vilaça: Como qualquer atleta e patriota, adorava ter a oportunidade de representar o meu país na Fed Cup e acredito que eventualmente virei a ter essa oportunidade. Para tal, espero alcançar bons resultados a título individual que de alguma forma potenciem a escolha na minha pessoa por parte dos dirigentes da Federação Portuguesa de Ténis.
  • Ténis Portugal: Costumas acompanhar de perto o circuito WTA? Tens alguma jogadora que te sirva de referência?
Rita Vilaça: Sim, tento visualizar as diversas atletas de “top” na tentativa de retirar ou de me basear nas suas armas e naquilo que as diferencia das restantes. Contudo, se tivesse que eleger diria que as minhas atletas de eleição seriam a Serena Williams, Maria Sharapova e Ana Ivanovic.
  • Ténis Portugal: Eugenie Bouchard referiu há dias que não está no circuito para fazer amigas, mostrando-se bastante ‘fria’ em relação a esse assunto. Partilhas da mesma postura? Como encaras o circuito profissional?
Rita Vilaça: O circuito profissional é bastante competitivo, sendo que no circuito feminino por vezes se torna difícil separar a competitividade de dentro e fora do court. Ainda assim, sendo o ténis um desporto individual trata-se também de um desporto solitário pelo que se verifica alguma distância com as restantes atletas. Contudo, embora o objetivo seja competir, é inevitável criar amizades uma vez que convivemos em diversas ocasiões e participamos nos mesmos torneios.
  • Ténis Portugal: Por último, pedimos-te que deixes uma mensagem para os nossos seguidores neste nosso quarto aniversário e também a todos aqueles que te acompanham.
Rita Vilaça: Como mensagem, adoraria dizer para me acompanharem na minha página oficial do Facebook, “Rita Vilaça”, onde faço questão de divulgar não só os meus resultados nas competições como também outras questões do meu interesse e que pretendo dar a conhecer aos meus seguidores.
Também gostaria de deixar o meu agradecimento a todos os que me apoiam e “alimentam” a minha ambição. Como tal, também agradeço ao Ténis Portugal pelo bom trabalho e divulgação que está a realizar e felicito-o pelo 4º aniversário na expectativa de acompanhar muitos mais aniversários.
  • Ténis Portugal: Para terminar, algumas Perguntas & Respostas Rápidas:

Ser número um mundial ou vencer um torneio do Grand Slam?

Tornar-me número 1 ganhado um Grand Slam.
Vencer a Fed Cup ou uma Medalha Olímpica?
Medalha Olímpica.
Cidade Preferida?
Braga, uma vez que é a minha cidade natal e que sinto um carinho especial por todas as pessoas às quais a associo e a todas as vivências que aí tive e tenho.
Torneio Preferido?
Não posso deixar de referir o Portugal Open. É o torneio em que participo que mais me emociona, principalmente pelo facto de ter o público português a apoiar-me. Contudo, é um sonho meu ganhar Roland Garros.
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