3 de junho de 2014. Nick Kyrgios perdia na ronda inaugural do Challenger de Nottingham. Uma semana depois, passava todo o qualifying do segundo evento britânico na mesma cidade e só pararia com o troféu de campeão nas mãos. Essa mesma vitória valeria-lhe um wildcard para o quadro principal de Wimbledon, onde hoje ainda vive. Como? Ao derrotar Rafael Nadal em quatro sets em pleno Centre Court.
O terreno era propício a escorregadelas e o passado recente alimentava a hipótese de o mesmo se verificar este ano. No entanto, e mesmo já tendo cedido sets nos encontros anteriores, o tenista maiorquino parecia sobreviver com mais ou menos dificuldades e ir avançando até à segunda metade do torneio. Hoje, foi parado. Com a melhor exibição da sua carreira, Kyrgios apresentou-se a todos aqueles que ainda não haviam ousado informar-se e triunfou pelos parciais de 7-6(5) 5-7 7-6(5) 6-3.
“Temos de acreditar que podemos vencer o encontro desde o início e eu acreditei.” Os dezanove anos não se revelam nem no jogo nem no discurso do tenista aussie, bem ciente de tudo o que precisa de fazer para evoluir no circuito. Para já, a fórmula tem resultado: há um ano, ainda disputava os quadros de juniores dos torneios mais importantes do mundo. Hoje, tem projectada a subida do 144º para o 66º posto da hierarquia individual ATP.
E porque não apenas de números não se escrevem histórias de encontros – ainda assim, e para a história: o australiano é o pior rankeado desde Joachim Johansson, em Estocolmo 2006, a derrotar Rafael Nadal -, Nick revelou ter sido motivado de forma talvez não intencional pela sua mãe: “A minha mãe pensou que ele [Nadal] ia ser demasiado bom, o que me deixou um bocado zangado”, começou por afirmar. No entanto, não foi esse o único factor motivador: “Adorei todos os que estiveram presentes hoje [no Centre Court], deram-me a energia de que precisava.”
Apurado então para os seus primeiros quartos-de-final em torneios do Grand Slam, Nick Kyrgios terá de recuperar rapidamente a nível físico e psicológico, dado que defronta já amanhã, no último jogo do Court No.1, o canadiano Milos Raonic, que esta tarde deixou pelo caminho Kei Nishikori – parciais de 4-6 6-1 7-6(4) 6-3.