David Haggerty: “O ténis não coloca nenhum jogador acima da justiça”

Numa extensa entrevista exclusiva dada à agência de notícias AP esta semana, David Haggerty, que em setembro do último ano substituiu o italiano Ricci Bitti como Presidente da Federação Internacional de Ténis (ITF), abordou o o escândalo em torno da fixação de resultados e o “caso” Maria Sharapova, mostrando-se determinado em proteger a integridade do ténis e “continuar a lutar” por um jogo limpo.

“Queremos certificar-nos de que todos os ‘consumidores’ e espetadores acreditam que o ténis é um desporto limpo, porque é. Quando a fixação de resultados vem ao de cima, sentimos que é uma oportunidade de falarmos sobre o trabalho que temos vindo a fazer e posso assegurar-vos de que temos a Tennis Integrity Unit a investigar todas os alertas de suspeita que acontecem até termos provas para punir ou chegar à conclusão de que o que foi encontrado não envolvia nada ilegal.”

“Temos de pôr tudo em perspetiva”, continuou Haggerty na primeira grande entrevista que concedeu depois do “rebentar” do escândalo publicado pela BBC e o BuzzFeed Sports e também o anúncio feito por Maria Sharapova. “Foram assinaladas 246 situações de padrões de apostas fora do habitual no último ano entre um total de 120.000 jogos de ténis. A percentagem é pouca. Temos tolerância zero. Um caso [fora do legal] é demasiado. Mas esses padrões fora do habitual não significam que algo tenha acontecido.”

Depois de admitir que “há sempre algo que se pode fazer melhor”, o Presidente da ITF comentou o teste realizado por Maria Sharapova, em que a tenista russa acusou positivo numa substância proibida a 1 de janeiro deste ano, Meldonium. “O teste mostra que o ténis não coloca nenhum jogador acima da justiça. Se algum jogador tem uma substância proibida no sistema, vai ser detetada e tomaremos as devidas ações.”

Em relação à falta de controlos anti-doping referidas por alguns jogadores — ainda esta quinta-feira, em Miami, Roger Federer disse serem necessárias mais ações de prevenção e supervisão –, Haggerty disse que “todos os jogadores, do topo aos lugares de baixo, são testados. Podem não o ser o tempo todo, mas trata-se de um processo rigoroso que é posto em ação desde os jogadores de topo até aos que estão em posições mais baixas, quer durante, quer fora de competição.”

À AP, o Presidente da ITF relembrou ainda que a entidade que “lidera” está a entrar no último de quatro anos de um programa que tem como objetivo “duplicar o número de controlos anti-doping” e que cerca de 60% dos exames realizados são à urina e 40% com amostras de sangue.

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