Embalado por não uma, mas duas finais que “refletem todo o trabalho”, Fábio Coelho quer mais

João Couvaneiro, vice-presidente da Câmara Municipal de Almada, entregou o troféu de vice-campeão a Fábio Coelho.

COSTA DE CAPARICA — De forma “totalmente inesperada”, Fábio Coelho viveu a melhor semana da carreira no Parque de Santo António da Costa da Caparica, onde se reencontrou com a superfície em que cresceu a jogar ténis (o betão poroso) e as memórias de quem há três anos conquistou, também na Margem Sul, o primeiro ponto ATP da carreira e só parou com dois troféus de vice-campeão nas mãos — ao de pares, conquistado no sábado, juntou o de singulares, este domingo, e depois sentou-se à conversa com o Raquetc, ainda a digerir as emoções de quem acabara de dar um pequeno-grande passo na carreira.

“Foi sem dúvida inesperado, quando cheguei cá não estava nada à espera”, respondeu sem tempo para hesitações antes de referir o momento em que a semana começou a ganhar contornos especiais: “Quando saí o quadro e vi que ia jogar com o primeiro cabeça de série, que era o Tiago Cação, acreditei, e depois consegui sair vitorioso e isso deu-me uma enorme confiança para o resto da semana. Sem dúvida que consegui transportar essa confiança para os encontros seguintes e acabei a atingir recordes pessoais, primeiro com os primeiros quartos de final, depois as meias-finais e a final.”

Com 21 anos e a treinar na Escola de Ténis da Maia “há dois ou três”, sob a orientação de João Maio, o jovem Fábio Coelho divide, nos dias de hoje, o tempo entre os courts de terra batida do complexo maiato e os de piso rápido pelo país fora, mas foi no betão poroso de Oliveira de Azeméis, onde cresceu, que aprendeu a jogar ténis e não hesitou em considerar esses anos de aprendizagem como a chave do sucesso na Costa da Caparica: “Sempre gostei de jogar nesta superfície e o meu estilo de jogo foi influenciado por ela, sem dúvida. Este betão poroso é mais lento do que o habitual e chega a ter ressaltos que parecem de terra batida, porque não é normal a bola saltar tanto, mas fui rápido a fazer a adaptação e a recuperar as sensações de todos aqueles anos.”

Sobre o encontro deste domingo com o bem mais experiente Daniel Cox (chegou a estar às portas do top 200 em 2014), que conseguiu levar a um terceiro set, o tenista português admitiu ter sido influenciado pelas emoções naturais de quem jogou pela primeira vez uma final de singulares: “Não foi fácil porque foi um misto de sensações. Principalmente até ao 3-0 do primeiro set foi muito difícil lidar com o encontro ao nível mental, mas depois consegui jogar bem e reduzi para o 3-2. No segundo set estive a perder por um break e senti que tinha de mudar o meu estilo de jogo e forçar-me a ir para a rede porque estava a jogar demasiado no fundo, o que hoje não sortia efeito, e consegui meter-me um break acima e com ponto para fazer o 4-2. De repente ficou 5-4 e 30-0 para ele e foi uma questão de tudo ou nada em que joguei quatros pontos a pensar ‘é agora ou nunca’ e acabou por resultar e virei o set, mas no terceiro ele fez-me o break ao 3-2, quando eu já estava física e mentalmente muito desgastado, e isso deu-lhe oxigénio extra para conseguir levar a melhor. Foi frustrante, mas não manchou de todo a minha semana.”

Entre revelações sobre a forma como visualiza “cada jogo na minha cabeça antes de dormir” aos contactos que mantém com o treinador, mas também com a referência Frederico Gil e o treinador Eduardo Rodrigues nas várias deslocações pelo país fora (e não só), Fábio Coelho também revelou que, apesar de não contar com a campanha desta semana, jogar uma final internacional já tinha sido tema de conversa quando se preparava para atacar a temporada: “É curioso porque entre a pré-época que fiz em Lisboa com o Fred [Gil] e o Edu [Rodrigues] e os torneios no Algarve o Fred disse-me que este ano ia chegar à final de um ITF e agora vejo que ele tinha razão. [Esta semana] é o confirmar do que a minha equipa já sabia, porque sabíamos que o meu ténis estava a evoluir e que era uma questão de tempo até desbloquear mais peças a nível mental. Foi mais rápido do que eu esperava, sim, ainda por cima jogar uma final de pares e uma de singulares, mas isto demonstra o nível com que estou e agora quero levar esta confiança para as semanas em Idanha-a-Nova e Castelo Branco.”

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