João Sousa de olhos postos no futuro: “O segredo é aceitar o que aconteceu e tentar de novo”

Punto de Break

Durante a passagem pela academia de Juan Carlos Ferrero, que marcou o regresso a umas meias-finais pela primeira vez em mais de dois anos, o português João Sousa (182.º do ranking ATP) fez o balanço daqueles que têm sido alguns dos momentos mais complicados da carreira — desde as lesões sofridas ao défice de confiança — e que o obrigaram a regressar ao circuito secundário.

“Este último ano foi muito complicado. Tudo começou no final de 2019, quando me lesionei no pé. Isso impediu-me de estar a 100% e afetou-me mentalmente, pois custava-me estar focado. [Agora] voltei a jogar Challengers, um circuito que não jogava desde 2013, quando ganhei em casa o torneio de Guimarães. Na minha cabeça, pensei que aquele seria o último Challenger até ao final da minha carreira”, começou por exprimir o português de 32 anos ao website espanhol Punto de Break.

Com o regresso ao patamar inferior, João Sousa está ciente das dificuldades dos jogadores menos cotados, sobretudo a nível financeiro: “No outro dia estava a falar com alguns responsáveis da ATP e disse-lhes que era impensável, hoje em dia, um jogador que esteja a 200.º do Mundo não ganhar a vida com o ténis.”

Apesar de todos os esforços até agora realizados, João Sousa mantém o foco no patamar superior — o ATP Tour —, circuito que crê condizer com o seu nível: “É muito duro de aceitar, mas o segredo é querer voltar onde se pertence, ser humilde para aceitar o que aconteceu e tentar de novo. Se dás tudo e as coisas não saem, mas continuas a acreditar no teu nível, no final recebes o prémio. Com qualidade e nível, se trabalhas bem é uma questão de tempo. Depende também muito do físico, eu não estava bem e por isso baixei tanto de nível. Recuperado fisicamente, é importante perceber como estou mentalmente para continuar a competir.”

Para o vimaranense, a solução não passa por iniciar uma experiência com uma nova equipa técnica, já que aposta na continuidade: “Há dez anos que trabalho com o meu treinador, e com o mesmo grupo praticamente toda a vida. As pessoas não mudam de treinador por ser bom ou mau, porque não te vai ensinar a jogar ténis aos 25 anos. Um bom treinador é aquele que motiva, talvez ajude a mudar pequenos pormenores, mas o principal é a motivação.” E sendo essa a característica mais importante de um treinador, Frederico Marques encaixa nas pretensões de João Sousa: “Sempre me motivou só por estar ali, seguimos juntos e conseguimos coisas juntos. Ele começou muito jovem, só tem 33 anos, mas a nível mental é espetacular.”

Estando a atual temporada a deitar os últimos foguetes, o jogador português vê com bons olhos o ano de 2022, que espera ser o seu ponto de viragem e de reencontro com a elite, e elenca os seus desejos: “Em primeiro lugar, saúde. Em segundo, continuar competitivo e desfrutar do ténis. Gostaria também de ter bons resultados, é o que todos queremos. Sonho voltar aos grandes torneios, como na semana passada em que tive um duelo muito bonito com o Nishikori num grande palco de Indian Wells. Voltei a sentir-me jogador.”

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