Cameron Norrie. Do multiculturalismo ao college até ao título em Indian Wells

Cameron Norrie tem 26 anos, não dispõe de nenhuma característica que o faça sobressair-se em relação aos seus pares perante o olhar de um adepto ocasional e provavelmente nunca terá. Mas em 2021 está a realizar uma das campanhas mais interessantes dos últimos anos e atingiu o cume da montanha na madrugada deste domingo, quando derrotou Nikoloz Basilashvili por 3-6, 6-4 e 6-1 para conquistar o maior título da carreira no ATP Masters 1000 de Indian Wells.

Filho de mãe galega e pai escocês e nascido em Johanesburgo (África do Sul) a a 23 de agosto de 1995, Cameron Norrie mudou-se com os pais para a Nova Zelândia aos três anos e só aos 16 foi viver para Londres, mas três anos, em 2014, depois sobrevoou o Oceano Atlântico para estudar sociologia na Texas Christian University (EUA) e competir no prestigiago circuito college. O sucesso foi quase imediato e Norrie — que nessa altura já tinha optado por passar a competir pela Grã-Bretanha em detrimento da Nova Zelândia — chegou a número um, mas optou por abdicar do NCAA Championships (o campeonato nacional universitário) e do último ano na universidade para apostar no profissionalismo a tempo da época de relva de 2017.

Num piscar de olhos, Norrie estreou-se no quadro principal do ATP 500 do Queen’s Club, conquistou a primeira vitória no circuito ATP e a primeira vitória sobre um top 50 em simultâneo ao derrotar Horacio Zeballos em Eastbourne e recebeu um wild card para Wimbledon, onde foi travado por Jo-Wilfried Tsonga. Dias depois, conquistou o primeiro título no ATP Challenger Tour ao derrotar Jordan Thompson por 6-4, 0-6 e 6-4 em Binghamton, nos Estados Unidos, país em que disputaria mais três finais (das quais venceu duas) até ao final de uma época de 2017 em que alcançou o 111.º lugar no ranking.

O abraço bem sucedido ao profissionalismo fez com que Cameron Norrie fosse convocado para a Taça Davis pela primeira vez em fevereiro de 2018. E foi na terra batida do Club de Tenis Puente Romano, em Marbella, que se apresentou verdadeiramente ao mundo do ténis, ao recuperar de uma desvantagem de dois sets a zero para derrotar o então número 23 Roberto Bautista Agut e somar a maior vitória da carreira. O triunfo — que o Raquetc noticiou no terreno — deu outra vida a uma eliminatória desfalcada de Rafael Nadal e Andy Murray, que seria a grande esperança dos britânicos.

Foi também na terra batida, mas um par de meses mais tarde, que Cameron Norrie conquistou o primeiro título ATP da carreira ao sagrar-se campeão de pares do Millennium Estoril Open ao lado de Kyle Edmund. E — avançando no tempo — foi precisamente no maior palco do ténis em Portugal que o britânico disputou a primeira de seis finais em 2021.

Campeão em Los Cabos, no mês de julho, o esquerdino natural de Johanesburgo amplificou o sucesso dos últimos meses no deserto da Califórnia, onde vitórias sobre Tennys Sandgren, Roberto Bautista Agut, Tommy Paul, Diego Schwartzman, Grigor Dimitrov e Nikoloz Basilashvili lhe permitiram colocar a cereja no topo do bolo depois de uma semana que já o tinha confirmado como novo número um britânico e mais recente membro do top 20 mundial.

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