Berrettini renasce a tempo de impedir “cambalhota” e estreia-se nas meias-finais do Australian Open

Matteo Berrettini estava exausto, o olhar perdido à falta de soluções que lhe permitissem dar a volta ao que outrora comanda, a Rod Laver Arena transformada num festival de aplausos para o que não caía para o seu lado. E tudo parecia encaminhado para uma reviravolta épica de Gael Monfils, até que o quinto set começou e o italiano voltou a fazer o que não conseguia há mais de uma hora e meia — quebrar o serviço ao francês (e não por uma, mas duas vezes) — e renasceu a tempo de se tornar no primeiro homem da história do país a chegar às meias-finais do Australian Open.

Tal como Rafael Nadal nas primeiras horas da jornada, quando o calor apertava ainda mais, também Berrettini construiu uma vantagem de dois sets a zero que a dada altura aparentou ser indestrutível. Mas tal como Denis Shapovalov, frente ao espanhol, também Monfils, frente ao italiano, mostrou ter outros planos.

O francês, ele sim verdadeiramente renascido de uma longa fase para esquecer (que há 12 meses o fez despedir-se em lágrimas deste mesmo torneio), foi à luta. E a luta, quando se trata de Monfils, só se pode tratar de direitas e esquerdas exurbitantes, próprias das melhores bandas desenhadas, e espetáculo. Afinal, showman é uma das alcunhas, tal como La Monf e entre muitas outras — o que só por si atesta o carinho que cria na audiência.

A disputar os segundos quartos de final da carreira no Australian Open e primeiros desde 2016, o tenista pariense fez de tudo para igualar o encontro e tudo teve para o fechar. Mas o espetáculo que lhe permitiu puxar para o seu lado todo o apoio do público e igualar o marcador foi o mesmo que lhe sugou toda a energia numa altura fundaental. E assim Monfils, tal como Shapovalov horas antes, quebrou. Não fisicamente, como em tantas outras ocasiões, mas psicologicamente.

O “monstro” que apareceu nos terceiro e quarto sets encolheu, foi parco em réplica nos primeiros jogos do último set (Berrettini venceu 13 dos primeiros 17 pontos e fez logo dois breaks) e abriu a porta ao regresso da garra italiana, que permitiu a Berrettini reinventar-se depois de ficar à beira do knock-out para vencer por 6-4, 6-4, 3-6, 3-6 e 6-2 em 3h49.

Contra Nadal, na sexta-feira, Berrettini terá a possibilidade de alcançar a segunda final em torneios do Grand Slam nos últimos seis meses (foi finalista em Wimbledon). Até lá, uma estatística que fala por si: desde o começo de 2021 o romano tem um registo de 21 vitórias e 0 derrotas (!) em Grand Slams contra adversários que não se chamem Novak Djokovic.

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