Tsitsipas em estado de graça sufoca Sinner e segue para as meias-finais

Era uma tarde solarenga em Paris e Stefanos Tsitsipas liderava a final de Roland-Garros por dois sets a zero contra Novak Djokovic. Há um par de anos destinado a grandes voos, estava a um passo da história. Mas a história pesa e pesou no momento de segurar a vantagem, que lhe fugiu entre os dedos e com tal velocidade que quando deu por si estava a segurar o troféu de vice-campeão. Desde aí nunca mais se viu a melhor versão do tenista grego, até esta quarta-feira.

As probabilidades estavam contra ele: a derrota na final de Paris deixou mossa, depois apareceu a lesão no ombro que afetou o final da temporada e sobretudo a preparação para o novo ano e do outro lado estava outro jovem que, como ele há três anos, queria aproveitar a oportunidade para “explodir” e registar o primeiro grande momento de afirmação num torneio do Grand Slam.

Mas Tsitsipas tinha outros planos para este duelo. E não só os cumpriu como roçou a perfeição: 6-3, 6-4 e 6-2 foram os parciais de uma vitória assinada em 2h06 ao longo das quais não enfrentou um único ponto de break, apenas um dos registos que atesta a exibição dominante do grego de 23 anos.

Enfraquecido do lado esquerdo (há largos meses que a esquerda a uma mão deixou de criar as dificuldades a que habituou a plateia), Tsitsipas virou-se para a sua principal arma: a direita. Apoiado num primeiro serviço extremamente regular (colocou 68% das primeiras bolas, constantemente acima dos 200km/h), usou as primeiras pancadas para controlar todos os jogos com o “saque” e na resposta pressionou Sinner nos momentos certos para conseguir quatro breaks minuciosos.

No final, 30 winners (contra 18 do italiano) e um saldo positivo em relação aos 28 erros não forçados (Sinner fez 22), raramente comprometedores.

Se havia um guião, Tsitsipas cumpriu-o à risca. E fê-lo perante as lentes atentas da equipa de produção da Netflix, que o escolheu para ser uma das primeiras figuras da nova série documental que promete revolucionar a forma como o ténis chega ao grande público. Foi aliás para lá que celebrou primeiro, antes de se virar para a box onde o pai, Apostolos, aplaudia de pé.

Mas desta vez o maior agradecimento foi para o cirurgião, Frank: “Tenho a certeza de que o meu médico está a ver porque tem acompanhado e envia-me mensagens depois de todos os encontros. Não esperávamos que eu conseguisse participar no Australian Open. Ele disse-me ‘não te vejo a jogar na Austrália este ano’, mas consegui provar que ele estava errado”, admitiu na entrevista no court com o ex-campeão Jim Courier, que esta quarta-feira nem precisou de puxar pela sua arte de entrevistar para arrancar uma grande tirada ao grego.

De volta às meias-finais de um torneio do Grand Slam (são as quintas da carreira e terceiras em Melbourne), Tsitsipas discutirá o apuramento para a final com o vencedor do último encontro do dia, entre o russo Daniil Medvedev — o maior candidato ao título — e o canadiano Félix Auger-Aliassime.

Última atualização às 08h10.

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