Fritz termina invencibilidade de Nadal em final a meio gás e faz história em Indian Wells

Taylor Fritz é o novo campeão do ATP Masters 1000 de Indian Wells. Aos 24 anos, o menino que cresceu a ver as maiores estrelas do circuito mundial de ténis no deserto californiano derrotou o melhor jogador da temporada, Rafael Nadal, e tornou o sonho realidade ao conquistar o segundo título da carreira — e de longe o maior — no estado norte-americano que o viu nascer e crescer, a Califórnia.

A festa foi feita graças à vitória pelos parciais de 6-3 e 7-5(5), mas só no último quarto das 2h05 de encontro é que o público norte-americano que esgotou o Stadium 1 do Indian Wells Tennis Garden (o segundo maior court fixo do planeta) teve razões para celebrar: até lá, a final deste domingo foi parca em espetáculo, não pelo vento que na véspera manchou o duelo de gerações de Nadal com o compatriota Carlos Alcaraz, mas pelos problemas físicos que afetaram quer o espanhol, quer Fritz.

O norte-americano até foi o primeiro a constituir motivos de preocupação, ao dar por concluído o treino de preparação para a final depois de apenas cinco minutos no court devido a problemas no mesmo tornozelo direito que lhe causou um susto no encontro das meias-finais. Mas foi o espanhol quem começou a final com problemas físicos na zona do tronco (tal como no dia anterior) que o obrigaram a pedir a intervensão do fisioterapeuta em diversas ocasiões, uma delas no interior dos balneários.

Conjugadas as duas situações, Fritz acabou por ser aquele que se deu melhor e que desde cedo demonstrou mais à vontade para lutar pelo desfecho do encontro. Num ápice, o jogador da Califórnia capitalizou os atípicos erros não forçados de Nadal (sobretudo com a pancada de esquerda) e obteve dois breaks de vantagem que ditaram a tónica do primeiro parcial. A reação do outro lado surgiu e, a espaços, o maiorquino acrescentou algum equilíbrio ao encontro, mas foi apenas na segunda partida que o frente-a-frente ganhou alguma imprevisibilidade.

Cada vez mais perto de uma conquista dourada, Fritz foi o primeiro a ceder um jogo de serviço no segundo set e voltou a ver-se em apuros pouco depois de recuperar o atraso no marcador. Só que o jovem norte-americano estava empenhado em completar a missão que o fez contrariar os problemas físicos e ir a jogo e subiu consideravelmente o nível de jogo na segunda metade do parcial.

Próximo do ténis que apresentou na véspera para superar Andrey Rublev, o herói da casa impressionou pela robustez mental e “disparou” de todas as direções ao ponto de criar o primeiro match point ao 10.º jogo, no serviço de Nadal, mas só no tie-break — depois de resgatar um jogo de serviço de 15-40 — colocou um ponto final na discussão.

Em casa, perante tantas caras conhecidas (suas e do grande público, ou não fosse o jet set uma das características deste torneio) e no palco que mais lhe diz, Fritz tornou-se no norte-americano mais novo a vencer o ATP Masters 1000 de Indian Wells desde Michael Chang (também com 24 anos), em 1996, e no primeiro tenista masculino dos EUA a conquistar um título desta dimensão desde que John Isner venceu em Miami, há três épocas.

Este domingo, o sonho deixou de ser do californiano e passou a pertencer aos jovens que o viram derrotar um dos melhores tenistas da história no local que tantos descrevem como Tennis Paradise (ou o paraíso do ténis). Agora, mais do que nunca, Taylor Fritz perceberá porquê.

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