Toni Nadal: “Djokovic é uma maravilha em constante evolução” e tem “o ténis mais completo”

O espanhol Toni Nadal, tio de Rafael Nadal, assinou esta segunda-feira um artigo de opinião no jornal El País no qual teceu largos elogios a Novak Djokovic, que na véspera conquistou pela 10.ª vez o Australian Open e assim igualou o recorde de títulos (22) do tenista espanhol em torneios do Grand Slam.

“Tal como vinham a prever todos os especialistas, sobretudo na última semana do torneio, ontem o Novak Djokovic sagrou-se campeão do Australian Open, voltou ao primeiro lugar do ranking e igual o Rafael em títulos do Grand Slam. Por muito que já estejamos habituados, o que o sérvio tem conseguido é tão assombroso como admirável. Que 15 anos depois daquele ano de 2008 em que levantou o seu primeiro título em Melbourne o tenha feito pela 10.ª vez, e com um nível tenístico tão impressionante, deve deixar maravilhados por igual as pessoas do mundo do ténis e os simples aficionados”, começou por escrever o tio do melhor tenista espanhol da história.

Num artigo de opinião de sete parágrafos, Toni Nadal acrescentou que Djokovic “mostrou-se praticamente intratável” ao longo de “um torneio impecável do início ao fim”.

Repleto de elogios, o treinador de 61 anos atribuiu ao tenista sérvio “o ténis que é, sem dúvida, o mais completo do circuito, que lhe permite jogar tanto a atacar, como a defender” e continuou, acrescentando que “é lutador até à exaustação e responde com uma serenidade impressionante nos momentos de maior tensão”, para além de ter “a ambição de continuar a melhorar”, dando como exemplo o serviço que foi “muito aperfeiçoado nos últimos tempos.”

Considerando Djokovic como “o jogador que todos preferiam evitar”, Toni Nadal concluiu o raciocínio com memórias relativas à final do US Open de 2013, na qual o sobrinho conquistou pela segunda vez o “Major” norte-americano — e pela segunda vez com uma vitória frente ao sérvio.

“Recordo-me perfeitamente do dia anterior à final, das dúvidas que o Rafa e eu tínhamos e da decisão que finalmente tomámos. Para vencermos, pensávamos que não devíamos abrir muito os ângulos nem mudar rapidamente as direções, mas sim jogar mais para o meio, pois o contrário só poderia provocar no lado dele uma resposta ainda mais agressiva, implacável e, seguramente, definitiva. Foi assim que optámos por jogar mais lento, mais para o meio do court e com convicção. Para nossa sorte, o Rafa ganhou, mas lembro-me dessa final como uma das mais difíceis que o meu sobrinho disputou”, explicou o maiorquino.

Por isso, Toni Nadal demonstrou “compreensão em relação à preocupação e às dúvidas que, inevitavelmente, o Stefanos Tsitsipas teve antes de entrar na Rod Laver Arena”, mas considerou que o grego optou pela estratégia errada no início da final:

“No primeiro set quis jogar com o Novak de igual para igual, com pancadas fortes e agressivas, a mudar constantemente as direções de ritmo. Continua a parecer-me quase impossível derrotar o sérvio assim a não ser que sejas o Roger Federer. Ganhar-lhe em velocidade é uma tática praticamente suicida, como vimos rapidamente no primeiro set em que esteve tão desconcertado, como incapaz de o perturbar. A partir do segundo set, o Stefanos acalmou o seu jogo e obrigou o Nole a jogar pontos mais largos, jogou mais para o meio do campo e assim evitou que ele pudesse abrir mais os ângulos. Foi aí que vimos um encontro mais equilibrado, em que ambos seguraram os seus serviços com relativa tranquilidade, e foi por isso que os segundos e terceiros sets foram decididos no tie-break. Quando assim é, já se sabe que o vencedor será o que controle melhor os nervos nos pontos decisivos e foi aí que o Djokovic voltou a demonstrar o domínio das suas emoções, a sua enorme coragem e, principalmente, que é um grande campeão.”

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