Rocha teve “demasiado respeito” por Sousa, que admira e quer superar

Sara Falcão/FPT

OEIRAS – Era o duelo mais impactante da primeira ronda do Oeiras Open 125. A sorte do sorteio ditou que Pedro Sousa, num dos últimos encontros da carreira, medisse forças frente a Henrique Rocha, 15 anos mais novo e a quem, de certa forma, sempre apadrinhou desde que o maiato ingressou no Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis, numa altura em que era a grande figura do projeto.

Pedro Sousa acabou por prevalecer em dois sets e garantir a única vitória portuguesa na competição, num duelo “bonito de se ver” como apelidou no final o adversário, em estreia absoluta em quadros principal de torneios do ATP Challenger Tour. “Entrei um pouco nervoso por estar a jogar contra o Pedro. Dou-me bastante bem com ele desde que entrei para o CAR. Entrei com um pouco de respeito a mais, apesar de que ele merece mesmo esse respeito. Podia ter entrado melhor no encontro, falhava uma bola aqui e ali e comecei logo a perder por 2-0, o que fez a diferença no set. Nunca consegui fazer o break, não aproveitei os break points e ele soube aproveitar”.

A análise de Henrique Rocha à infância do compromisso, que acabou por ditar o rumo do ascendente, não é exatamente replicada pelo mais experiente no que toca ao respeito pela sua figura. Em declarações à Sport TV na flash interview de rescaldo, Sousa referiu, entre risos, que o atual 551.º ATP “perdeu o respeito no meu casamento, não é no campo que ia ter”.

“Já o conheço há uns anos e está a crescer imenso, tal como o Jaime Faria. Fico contente que estejam a evoluir, até porque são meus amigos, têm os dois bastante potencial. O Henrique tem uma direita que só o barulho assusta. Olhando para eles hoje e quando chegaram estão os dois totalmente diferentes e numa trajetória que pode ser benéfica para eles e para o ténis português”. Os elogios a duas das maiores promessas do panorama nacional da modalidade deixam o lisboeta numa espécie de figura paternal. E quem sabe até com um papel mais importante no futuro.

O Pedro teve uma grande carreira, é um grande jogador pelo menos até às próximas semanas (risos). É um rapaz incrível, toda a gente gosta dele, e acima de ser um bom treinador, sendo boa pessoa ajuda sempre. Para ser bom treinador é sempre preciso ter uma boa relação com os atletas e com toda a gente envolvente. Isso é um ponto forte dele e se um dia for treinador seria um prazer para mim poder ser treinado por ele”, contou o atual bicampeão nacional de sub 18.

A teoria de Henrique não é exatamente confirmada por Pedro Sousa, que afirmou achar “não ter mãozinhas” para essa eventual responsabilidade, bem ao seu jeito brincalhão. No entanto, corrobora, de certa forma, no cerne do elogio. “Fui deixando boas relações no balneário. Levo isso do ténis, as boas relações que deixei aqui e vê-los agora a vir falar comigo é bom”, observou quando questionado sobre o carinho que tem recebido, até de jogadores estrangeiros, desde que anunciou a retirada no Millennium Estoril Open.

Antigo 99.º ATP, finalista no ATP 250 de Buenos Aires em 2020 e vencedor de oito troféus Challenger, Pedro Sousa vai deixar a sua profissão como um dos melhores portugueses. Algo que é, obviamente, reconhecido por Henrique Rocha, mas o céu é o limite. “Ele teve uma carreira muito boa, ainda podia ter sido melhor do que foi porque tem um talento fabuloso. Claro que o top 100 é sempre o primeiro objetivo para qualquer jogador, mas tenho sempre mais ambição e acho que se chegar ao top 100 vou continuar sempre a querer mais. Isso que faz um bom jogador”.

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