Albot recorda a transição para profissional: “Sentia-me um dos melhores e achava que ia ser fácil”

OEIRAS — De regresso a Portugal depois de uma curta passagem pelo Millennium Estoril Open, é com a posição de terceiro cabeça de série que Radu Albot (112.º) se apresenta no Oeiras Open 4. Membro do lote de grandes favoritos ao título, o antigo número 39 mundial discursou numa conferência de imprensa com especial enfoque no ténis moldavo.

“Sou o melhor jogador de sempre da Moldávia e um dos melhores atletas, mas não sou o melhor porque temos muitos bons nomes no wrestling, medalhas olímpicas na canoagem e levantamento de peso. Sou um atleta famoso na Moldávia, mas não o melhor. Às vezes as pessoas reconhecem-me quando ando nas ruas, mas nem sempre acontece. É um país pequeno, todos os que acompanhem desporto reconhecem-me”, começou por salientar o atleta de Chisinau, que em 2019 se tornou o primeiro da história do seu país a conquistar um título ATP, em Delray Beach.

Já numa fase mais adiantada da carreira mas ainda com a meta de regresso ao topo, mencionou nomes pelos quais se guiou ao longo deste trajeto: “Tive alguns ídolos, como Marat Safin, David Ferrer e Roger Federer. Eram os jogadores que eu gostava de ver. Quando treinei pela primeira vez com Ferrer foi muito entusiasmante e até estava a tremer, via-o durante toda a minha vida e agora estava a bater bolas com ele.”

Tendo sido um dos melhores dos escalões juniores, Albot admitiu a ilusão que sentiu quando fez a transição para o circuito profissional: “Quando era número dois da Europa nos sub-16 e número 11 do mundo em sub-18, pensava que o ténis era fácil, sentia-me como um dos melhores do mundo e achava que a transição para o ATP Tour ia ser fácil. Mas quando choquei nesse muro, percebi que não era assim tão fácil.”

Com base de treinos na Moldávia, vincou que a única experiência fora do país aconteceu ainda na juventude, durante o interregno letivo: “Treinei na Alemanha quando tinha 13 anos, mas só durante as férias de verão, em maio, junho e julho. Durante esses três meses treinava na Alemanha e quando a escola recomeçava, voltava para a Moldávia.”

Com mais de 300 lugares a separarem-no do segundo melhor moldavo do ranking ATP, Albot deixa uma garantia para o futuro: “Há vários jovens talentosos na Moldávia, temos um miúdo de 12 anos que se mudou para Delray Beach. Quando joguei lá cheguei a dar-lhe conselhos e treinei com ele. Somos os dois da Moldávia, se não for eu a ajudar quem será?”

O foco ainda está centrado na carreira de jogador profissional, mas expressou que um dos seus sonhos se baseia no fomento do ténis no seu país. Todavia, admite que ainda tem um longo caminho a percorrer: “Não sinto que ainda esteja preparado, há muita responsabilidade. Preciso de estar pronto para estar lá e desenvolver ténis na Moldávia, é uma das coisas que sonho fazer mas ainda preciso de aprender sobre isso.”

Sendo mais concreto, Radu Albot avançou que o seu desejo passa pela criação de um centro de ténis que potencie o crescimento da modalidade na Moldávia: “Planeio criar uma academia onde os jovens possam treinar em condições, e não que joguem simplesmente e depois apanhem bolas. Qualquer forma de promover ténis na Moldávia é válida, mas verei o que fazer quando terminar a minha carreira de jogador.”

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