Sabalenka começa Roland-Garros com declaração de intenções em duelo de alto risco com palmas e assobios

Quis o sorteio que Aryna Sabalenka e Marta Kostyuk medissem forças na primeira ronda de Roland-Garros e escolheu a organização que esse fosse o primeiro duelo da quinzena no Court Philippe-Chatrier, o palco principal onde dentro de duas semanas será coroada a nova campeã e no qual a número dois mundial fez questão de deixar bem claro que quer ter uma palavra a dizer nessa discussão.

Por Gaspar Ribeiro Lança, em Roland-Garros

Com o sol a brilhar e o entusiasmo no ar, o duelo que foi mais cozinhado ao longo dos dias que antecederam o arranque dos quadros principais acabou por ter um desfecho insonso: 6-3 e 6-2 foram os parciais do triunfo da bielorrussa sobre a ucraniana num frente a frente com tensão por razões que em nada têm a ver com o ténis jogado e que terminou com assobios.

Kostyuk, ucraniana, tem sido uma das jogadoras mais vocais desde o início da invasão levada a cabo pela Rússia. Sabalenka, bielorrussa, não se manifesta nem com a mesma regularidade nem com o mesmo tom, mas deixou claro em várias ocasiões o desejo de ver a guerra terminada e a paz restabelecida.

As declarações de Sabalenka não satisfazem nem satisfarão Kostyuk, que não fala, não olha e não cumprimenta russos e bielorrussos até que deles oiça críticas explícitas às decisões políticas dos dois países, um cenário improvável pelas restrições e receios que se conhecem.

A jovem ucraniana — que explodiu para a ribalta quando furou o qualifying do Australian Open aos 15 anos — era a melhor amiga de Paula Badosa, mas afastou-se da espanhola quando esta se aproximou de Aryna Sabalenka.

A juntar ao ténis que cada uma oferece, o duelo entre Kostyuk (uma das mais talentosas da nova geração) e Sabalenka (provavelmente a jogadora com o ténis mais ofensivo da atualidade e já apelidada de uma das Big 3 a par de Iga Swiatek e Elena Rybakina) era aguardado com elevadas expetativas.

E a resposta inicial de ambas esteve à altura, com os primeiros 25 minutos a colocarem em evidência o arsenal e soluções de cada uma, sete jogos a arrancarem aplausos das bancadas de um Court Philippe-Chatrier que, com o avançar dos ponteiros do relógio, se vestiu à altura da ocasião.

Kostyuk foi a primeira a quebrar, aproveitando um jogo em que a adversária cometeu duas duplas faltas. Sabalenka respondeu de imediato com o mesmo à vontade que apresentou nas semanas antes de viajar para Paris. E a partir daí a tenista da Bielorrússia passou para o comando do encontro, com um piscar de olhos a ser suficiente para agarrar o ascendente e não mais o largar: foram quatro jogos consecutivos para fechar a primeira partida e outros dois para abrir a segunda da melhor forma.

Foram 19 os winners que ajudaram Aryna Sabalenka a deixar bem evidente a sua declaração de intenções num palco onde o historial (7-5) até este ano contrasta com a forma com que chegou a Paris. E nem os 21 erros não forçados, naturais de quem tanto procura as linhas, mancharam a primeira exibição da jogadora de Minsk.

Com os troféus do Australian Open, de Madrid e de Adelaide na bagagem, acompanhados pelos de finalista em Indian Wells e Estugarda, Sabalenka fez o que lhe competia e mereceu os aplausos do público — o público que durante o encontro gritou várias vezes por Kostyuk, mas que no final se despediu da jovem de Kiev com assobios e apupos ao ver a ucrania a abdicar, como é seu apanágio, do cumprimeiro à rede com a adversária no final do duelo.

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