Ivanisevic sobre Djokovic: “Ele tira-te as pernas, depois a alma, cava-te a cova e faz-te o funeral”

Goran Ivanisevic ficou a conhecer Novak Djokovic como poucos desde que se juntou à equipa técnica do sérvio no verão de 2019 e após a conquista histórica deste domingo, em Roland-Garros, abordou a experiência de trabalhar de perto com o jogador de Belgrado.

“Ele algemou-nos a uma cadeira durante três dias”, brincou o croata, ex-número um mundial, no arranque da conferência de imprensa que se seguiu ao discurso de campeão no qual Djokovic pediu desculpa à equipa técnica pela “tortura” das últimas semanas em Paris, enquanto perseguia o inédito 23.º título em ‘Majors’.

“Digamos que ele não é uma pessoa com quem seja fácil de trabalhar, não é mesmo. Sobretudo quando as coisas não estão a acontecer como ele quer. Mas estamos cá para dar o corpo ao manifesto porque o nosso objetivo é que ele se sinta melhor e jogue melhor. Nem sempre é fácil, aliás, às vezes é muito complicado”, acrescentou Ivanisevic acerca do jogador sérvio, com quem já celebrou oito vitórias em torneios do Grand Slam.

“Mas ao fim e ao cabo é para isto que vivemos, para torneios como este e para terminarmos assim. Não foi um caminho fácil. Monte Carlo e Banja Luka não correram bem, em Roma já foi melhor, mas ainda assim muito longe da sua forma real. Ele torturou-nos, arrancou-nos as unhas e muitas outras coisas que eu não vos posso dizer, mas ainda estamos vivos. O meu coração está okay. Já sou velho, por isso tenho de ter cuidado, mas está tudo bem“, completou alternando entre um registo mais sério e um tom de brincadeira.

Para além de ter lamentado a ausência de Rafael Nadal, que acredita ainda será capaz de ganhar “mais um torneio do Grand Slam”, Goran Ivanisevic também refletiu sobre o encontro de Novak Djokovic com Carlos Alcaraz, considerado “a final antes da final” e no qual muitos atribuíram favoritismo ao jovem espanhol: “Houve muita gente a dizer que ele não tinha hipóteses, mas estamos a falar do Novak. Quando lhe dizes que não tem hipóteses, fica com o triplo da fome. Foi estranho ver tanta gente a dizê-lo porque ele tinha jogado 33 finais do Grand Slam e ganho 22. O Alcaraz é incrível e vai ser o próximo a ganhar não sei quantos títulos, mas isto é um Grand Slam, é diferente. Não podes dizer que ele é o favorito. Há nervos envolvidos e toda a gente viu o que é que se passou no terceiro set. Como disse o Andy Roddick, primeiro [o Novak] tira-te as pernas, depois a alma, cava-te a cova, faz-te o funeral e diz ‘adeus, obrigado por vires’.”

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