João Sousa e o fim de ciclo de Pedro Sousa: “Foi bonito despedir-se com este ambiente, não podia pedir muito mais”

Sara Falcão/FPT

LISBOA — João Sousa (285.º) foi esta quinta-feira o responsável por dar por encerrada a carreira do companheiro e compatriota Pedro Sousa (493.º) num duelo muito especial que lotou as bancadas do Estádio CIF. O vimaranense dominou a partida por 6-2 e 6-3 e passou a ser o único representante da casa no Del Monte Lisboa Belém Open, para agendar um duelo entre campeões do Millennium Estoril Open já na próxima ronda.

Numa primeira abordagem ao encontro desta tarde, o antigo número 28 mundial confessou que procurou concentrar-se em si mesmo para seguir o guião estipulado: “Foi difícil porque sabia da importância do encontro para o Pedro e para o público. Tentei abstrair-me de tudo isso e preparar-me da melhor forma, e foi o que fiz. Fiz uma exibição muito sólida, joguei muito bem e acho que o Pedro não conseguiu encontrar o jogo dele por mérito meu, que fiz um jogo bom em todos os capítulos.”

Feliz por ter feito parte da despedida do amigo, João Sousa definiu o cenário experienciado como perfeito para o adeus de Pedro Sousa ao circuito mundial: “Estou contente por ter sido contra o Pedro, mas acaba também por ser bonito ele despedir-se aqui com este ambiente, com o público sempre a apoiá-lo e com casa cheia. Ele não poderia pedir muito mais neste desfecho de carreira. É uma pessoa que admiro muito, os momentos mais marcantes com ele foram na Taça Davis, nunca estava com má cara e isso ajuda naquele ambiente.”

Teceu ainda mais elogios ao agora antigo companheiro de circuito que dá por encerrado o capítulo e expressou que sempre foi uma figura acarinhada por todos: “Não conheço ninguém que não goste do Pedro. Agora era mais diferente, tendo sido pai é mais difícil e acredito que tenha sido o fator que fez com que decidisse acabar a carreira, estar com o foco mais na família. Fez uma final ATP, foi top 100 e fico muito contente por ele.”

Mas há um dia em especial que não se apaga da memória e que passou a fazer parte das páginas do ténis português — o frente a frente entre ambos que aconteceu no Millennium Estoril Open, há cinco anos: “Lembro-me de tudo, já falei com ele sobre isso. Os dois jogámos muito bem, a seguir o Pedro foi ganhar a Braga quase a andar, um pouco amuado por ter perdido comigo, mas o nível foi mesmo muito alto. Depois desse encontro ganhei muita confiança para acabar por vencer o encontro, foi um dia que ficou para a memória.”

Aos 34 anos, João Sousa admitiu que também já equacionou a hipótese de retirada e que, não sendo para já esse o seu plano, tem local predileto definido para o fim: “Já me passou muitas vezes pela cabeça isso, não na fase em que estou, mas acho que seria no Estoril Open, faz todo o sentido. No final da temporada faço contas para perceber o que me vai na alma, o meu corpo já não é o mesmo mas se a minha cabeça estiver bem acaba por balancear a minha forma física. No Estoril seria a despedida perfeita.”

Mas agora o foco passa a ser o desafio marcado com o primeiro cabeça de série Albert Ramos (93.º), espanhol que conhece bem e que aponta como um dos melhores do mundo a jogar nesta superfície: “É um jogador que conheço muito bem, já jogámos várias vezes em meias-finais ATP e para mim é um top 20 em terra batida. É muito completo e amanhã vai ser um encontro muito exigente, espero desta vez ter o público a favor e que isso marque a diferença para o meu lado.”

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