Gastão Elias, Copil e promessas à procura do desfecho brilhante no Indoor Oeiras Open II

Beatriz Ruivo/FPT

OEIRAS – O 13.º e penúltimo dia de Indoor Oeiras Open é sinónimo de meias-finais, tanto individuais como de pares. É também sinónimo de festa, ténis atacante, grandes serviços, winners em catadupa e entretenimemto à altura de uma prova Challenger 75. Aconselhamos a não perderem pitada da competição na nave dos campos cobertos do Complexo de Ténis do Jamor. Ou em último caso na Sport TV, que a partir das 13 horas entrará em direto para os duelos de singulares, com Gastão Elias obviamente em plano de destaque.

O tenista da Lourinhã é, pela segunda semana consecutiva, o único sobrevivente, chegando às meias-finais, da longa comitiva nacional presente nas primeiras provas do ano em solo português. Finalista há uma semana, o segundo luso com melhor ranking da história (57.º) faz do Jamor a sua casa e a sétima vitória do ano (em 2023 precisou de chegar a março para somar sete triunfos) trouxe o 22.º sucesso nos últimos 23 duelos no complexo. Nova celebração esta sexta-feira dar-lhe-á a sexta decisão da carreira no local (3-2 em finais) e continuação da progressiva subida na tabela mundial – o posto 304 é melhor do que no início de 2024 (336.º, e deverá ascender cerca de 20 lugares mesmo que não vá à final), mas, sejamos honestos, está bem longe do real valor do experiente jogador de 33 anos.

E, por falar em experiência, há um tenista tão ou mais credenciado que o português na outra meia-final. Falamos de Marius Copil, outrora 56.º ATP e finalista de duas provas ATP em condições semelhantes às da competição (indoor hard). O romeno permanece confiante e ambicioso quanto ao futuro e neste tipo de torneios continua um periogo à solta, como tem evidenciado, ainda que esteja a dispender demasiado tempo em court (cerca de 11 horas, vindo do qualifying, o que o pode prejudicar na reta final) devido à falta de instinto matador quando está em vantagem. Na véspera quase era penalizado por isso e precisou mesmo de anular match point.

Os currículos dos ex-top 60 Elias e Copil contrastam com os opositores de ambos desta sexta-feira, ainda que neste momento os jovens até são os mais cotados e cabeças de série. Leandro Riedi (21 anos) até já tem dois títulos Challenger (em cinco finais) e esteve às portas do top 100 (126.º há menos de um ano) após ter figurado no top 10 de sub 18 (sexto em 2020); Martin Damm (20) procura atingir a primeira decisão a este nível na segunda meia-final, numa altura em que está com a melhor cotação de sempre (255.º) e vai continuar a subir até aos inevitáveis palcos maiores. Os mais novos vêm com fome de bola, ténis de encher o olho e, a par de Copil, podem assumir-se como especialistas neste tipo de condições de jogo devido, sobretudo, aos grandes serviços.

Gastão Elias não é um especialista, mas a maior vitória da carreira (Gael Monfils era sétimo em Estocolmo, 2016) foi em piso rápido, recinto coberto, e conta com o fator público que tanto precisa. Não é o único, porém, com sucesso anterior no nosso país, já que Copil vai em busca da terceira final em três vindas a Portugal (final em Guimarães 2013, título em Portimão 2022) e Damm já triunfou em Setúbal e alcançou duas outras meias-finais a nível ITF.

Protagonistas em números

Dos quatro, Elias é o único que não faz do serviço a principal arma. Mais dotado para a terra batida, ainda que como tem mostrado tem ténis todo-o-terreno, o português é o que tem o menor número de ases (14) e de pontos ganhos com o ‘saque’ (52% de pontos com o primerio serviço, 78% desses pontos conquistados e 46% com o segundo serviço), tendo sido também o que mais vezes cedeu o golpe de saída (cinco). No entanto, já amealhou 12 breaks (o melhor a par do próximo adversário) e tem competido muito bem nos momentos de maior aperto, salvando 15 das 20 chances criadas pelos opositores, o líder entre os semifinalistas.

Os restantes têm ‘bombardeado’ os courts do Jamor e feito jus às condições rápidas de jogo. Senão vejamos: Martin Damm disparou 57 ases, 43 nos últimos dois duelos (20 em dois sets frente a João Sousa); Marius Copil 51, mas 71 sem contabilizarmos a fase preliminar; Riedi aparece com 21, mas muito eficaz na bola seguinte ao serviço. Três exímios servidores, além dos ases há inúmeros serviços diretos a registar. Damm é o que arrecada mais pontos com o primeiro serviço (84%!), Riedi (64%) com a segunda bola.

Mais do que números, que apenas servem de preparação dos jogadores e análise prévia da nossa parte, interessa ver como vão encaixar nos respetivos jogos. Gastão Elias tem utilizado a esquerda em slice para desmantelar jogadores mais potentes e a sua astúcia tática tem prevalecido (encontra sempre buracos do outro lado, com exceção de Maks Kasnikowski, vencedor da primeira semana, bem mais equilibrado no seu jogo). Terá de o fazer novamente face a um suíço com “direitas grandes e esquerdas com força“, decrição feita pelo próprio Elias.

Copil baseia mesmo o seu ténis na preparação da esquerda em slice para comandar com a direita ou subir à rede, mas o maior desafio será entrar nos pontos perante o serviço-canhão (de canhoto para a sua esquerda a uma mão, ainda por cima) de Damm.

Ready? Play. O dia promete. E ainda há Marcus Willis, protagonista de um conto de fadas em Wimbledon, em 2016, que fecha a jornada para tentar, também ele, dupla final a abrir o ano no Jamor.

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