O gigante Martin Damm joga a maior final da carreira no Jamor e ambiciona superar o pai

Beatriz Ruivo/FPT

OEIRAS – Voltou a um páis de boas memórias e, sem contar, está na maior final da carreira. Martin Damm tem 20 anos, chegou a ser número três de sub 18 e o eventual primeiro título Cahllenger irá colocá-lo no top 200 mundial ou perto disso. A maior arma do seu arsenal tem ajudado a desbravar caminho, um caminho que espera vir a ser de superação em relação ao seu pai, antigo 42.ºATP.

Depois de bater João Sousa, o norte-americano disputou a segunda meia-final na categoria e desta vez não desperdiçou a oportunidade e ultrapassou o ex-top 60 Marius Copil numa dura refrega e num “duelo de serviços” e “mental” no qual precisou de ser paciente e esperar pelo momento certo. “Estou muito feliz e mal posso esperar por amanhã”.

O amanhã será frente ao suíço Leandro Riedi, apenas um ano mais novo e um adversário de boas memórias, pois bateu-o convincentemente num torneio júnior de relva. “Ele joga muito bem em indoors. Joga muito rápido, gosta de pontos curtos e é muito talentoso. Teve uns meses difíceis, mas é um grande jogador”.

“Não é a maior final possível, mas é um feito incrível para mim, ainda por cima no primeiro torneio do ano. E independentemente de outras finais juniores ou em ITFs, é um passo maior disputar uma final Challenger. Mostra o árduo trabalho que tenho feito com a minha equipa, a confiança que ganhei e espero que seja apenas o início”.

Uma primeira decisão a este nível (sétima no total, o saldo está em 4-2 em provas inferiores) que não estava propriamente nas cogitações quando regressou a Portugal – em 2023 atingiu duas meias-finais em provas ITF portuguesas e levantou o título M25 de Setúbal. “Tudo em Portugal é bom. O futebol, a comida e a quantidade de torneios que têm. É incrível ver isso. Têm sempre imensos torneios e bons jogadores e agora mais jovens virão por haver tantos torneios”.

Com 2,03 metros, Damm tem 73 ases em quatro vitórias no Complexo de Ténis do Jamor. “O meu serviço é a base do meu jogo. É todo à volta do serviço. Sei que não vou servir sempre 20 ases e ganhar facilmente os meus jogos porque é difícil manter. Mas sei que há dias em que posso estar a jogar terrivelmente e mesmo assim ganhar encontros. Vão haver alturas em que também vou perder 7-5 e 7-6, mas com o serviço que tenho estou sempre mais perto do tiebreak.

“Percebi muito cedo que ia ser muito alto. Há muitas vantagens e desvantagens pelo facto de ser alto e o mais importante numa primeira fase foi clarificar o estilo de jogo que eu gostaria de ter. Quando era mais jovem queria ficar mais no fundo do campo e isso obviamente não resulta para alguém do meu tamanho. Depois, quando comecei a aparecer mais na rede, também não é fácil nos primeiros tempos porque é difícil aprender como nos colocar na rede e ocupar os espaços. Ultimamente deu-se o clique. Especialmente para os jogadores grandes como eu, a confiança é o mais importante”, esclareceu, não escondendo que ser canhoto é uma vantagem.

Filho do checo Martin Damm (campeão de pares do Us Open em 2006), Damm júnior não descarta a influência direta do melhor exemplo possível, o caseiro. “Sem o meu pai não seria jogador de ténis. Todas as minhas memórias de criança são a ir a torneios com ele e jogar ténis. Mas nunca me pressionou. Sempre quis que me comprometesse com algo, mas não tinha de ser com o ténis”. O pai que já mandou uma mensagem de voz a congratular pelo feito ímpar.

Os objetivos passam por entrar nos Grand Slams o quanto antes, mas com calma até porque “não foi o fim do mundo falhar o Australian Open”. Essencialmente quer “continuar a ser feliz” e aponta a metas não tão altas em primeiro lugar, porque nem todos são Rafael Nadal, a sua maior referência, ou Novak Djokovic. “Só alguns conseguem ser número um e ganhar Grand Slams. Gostava primeiro de entrar no top 100, depois bater o ranking do meu pai para ver se ele se acalma (risos). Uma coisa de cada vez. Jogo pela minha felicidade e ser 50 do mundo já seria um feito incrível”.

Outro feito incrível e bem mais imediato seria arrecadar o primeiro (de muitos, certamente) títulos importantes. Terá a palavra este sábado a partir das 11 horas e em jogo estará o primeiro troféu Challenger.

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