Nuno Borges vende cara a derrota para Medvedev e despede-se de um Australian Open histórico

A tarefa era hercúlea, mas Nuno Borges ainda alimentou o sonho de uma nação antes de perder com Daniil Medvedev (finalista em 2021 e 2022 e ex-número um mundial) num histórico encontro da quarta ronda do Australian Open em que lutou de igual para igual durante mais de três horas com um dos melhores tenistas do mundo.

Em plena Rod Laver Arena, o maior court de Melbourne Park, o melhor tenista português da atualidade (69.º classificado no ranking, mas já com a garantia de entrar no top 50) vendeu cara a derrota para o número três mundial, só consumada ao fim de quatro sets com os parciais de 6-3, 7-6(4), 5-7 e 6-1.

A disputar o encontro mais importante da carreira, Borges jogou olhos nos olhos com Medvedev durante a maior parte do encontro e conseguiu ter a iniciativa na maioria dos pontos, apresentando uma tática bem definida e ofensiva para tentar contrariar um dos melhores defensores do circuito.

Nos dois primeiros sets o português acabou por ser traído por séries de erros curtas, mas cruciais em momentos específicos (ao sexto jogo do primeiro e no tie-break do segundo), mesmo tendo mais iniciativa — 31 winners para 17, mas 37 erros não forçados contra apenas 15, para além de uma constante aposta no jogo de rede para tentar desmontar o xadrez do moscovita.

Com uma grande montanha para escalar, Borges iniciou o terceiro parcial da melhor forma possível ao conquistar o segundo break do duelo. Só que, depois de duas horas de jogo e com os níveis de energia a caírem, uma quebra de rendimento abrupta, com muitos erros no jogo de serviço, recolocou Medvedev de imediato no caminho da vitória. Equilibrar o set parecia ser uma miragem, mas o tenista nascido na Maia não só o fez como o venceu: com cinco jogos consecutivos, transformou um 2-5 em 7-5 ao anular dois match points pelo meio e recolheu muitos aplausos das bancadas ao assinar vários pontos que rapidamente começaram a correr o mundo nas redes sociais.

Com muito mais experiência a este nível, Medvedev resistiu ao cansaço e às muitas e eficazes investidas e colocou uma mudança acima na quarta partida para selar um encontro que valeu muitos elogios ao ténis ofensivo do português (ao todo subiu 52 vezes à rede e venceu 38 desses pontos) e aos amorties que muito o desgastaram e mereceram comparações com os que Carlos Alcaraz usou de forma determinante para o derrotar na final do ATP Masters 1000 de Indian Wells, em março de 2023.

A inédita quarta ronda no Australian Open (nunca um português tinha chegado tão longe neste torneio) permitiu a Nuno Borges igualar a melhor prestação de um português em torneios do Grand Slam (João Sousa no US Open 2018 e Wimbledon 2019).

Com mais pontos e mais dinheiro do que qualquer compatriota depois de uma campanha a este nível, o “Lidador” voltará a celebrar dentro de uma semana, quando a atualização do ranking agendada para 29 de janeiro confirmar a ultrapassagem ao registo máximo de três portugueses para se tornar no segundo a entrar no top 50.

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