Em dia de estreias, Neuza Silva observa: “Levámos os três encontros à negra, não esteve longe”

Beatriz Ruivo/Federação Portuguesa de Ténis

OEIRAS – O primeiro dia do Grupo I da Zona Europa-África da Billie Jean King Cup, competição que decorre no Jamor até ao próximo dia 13 de abril, não sorriu às cores portuguesas. Um ano depois do brilharete da subida de divisão, no mesmo palco, com um pleno de vitórias, a equipa capitaneada por Neuza Silva cedeu face à forte seleção da Letónia por 3-0.

Apesar do aparente desnível, Portugal esteve perto de vencer os três encontros. Tanto Angelina Voloshchuk, como Francisca Jorge e o par composto por Maria Garcia e Matilde Jorge perderam somente num terceiro set, o que no caso dos pares é num match tie-break. Algo que não dá vitórias, nem pontos, mas não cria uma nuvem de desilusão na equipa.

“Sabíamos que íamos ter uma eliminatória bastante complicada, com jogadoras bem ranqueadas e com muita experiência. Esta é uma competição diferente e todo o espírito que temos de equipa é uma grande arma que sabemos usar e usámos. Levámos os três encontros à negra e não esteve tão longe de ter caído para o nosso lado”, salientou a capitã.

Um dia também marcado pelas estreias de Maria Garcia e Angelina Voloshchuk na Billie Jean King Cup, um ano depois das estreia na convocatória, ainda que sem utilização. “Estiveram mesmo muito bem. Estou extremamente orgulhosa de toda a equipa e do ambiente que tivemos no campo central, que hoje teve bem mais público a torcer por nós. A experiência que a Angelina e a Maria adquiriram o ano passado, apesar de não terem jogado, foi boa. Sabia que estavam preparadas, até porque já as conheço há muitos anos e tenho muita confiança em todas”.

E continuou: “É uma alegria imensa para mim, ano após ano, estrear jogadoras novas. Isso revela a qualidade que tenho cá dentro e estou sempre muito à vontade para as meter a jogar”, apontou Neuza Silva, que destacou igualmente o facto da mais nova, Angelina, de 16 anos, ter tido uma “110 na mão”, aludindo ao ranking de Darja Semenistaja. “Alguns pormenores fizeram a diferença, mas ela está num bom caminho. E estes encontros ajudam a crescer”.

Os pormenores ditaram o desfecho de 4-6, 6-1 e 6-1, mas a petiz do grupo mostrou a espaços imenso potencial. A “baixa de intensidade” penalizou-a, ao passo que Francisca Jorge esteve a pouquíssimos pontos de ultrapassar uma top 10 WTA e dar ao país uma das maiores vitórias do ténis português. O duelo acabou por sorrir a Jelena Ostapenko (10.ª, antiga quinta), uma das melhores jogadoras de 2024 fruto dos dois títulos da categoria 500 do circuito feminino, num tie-break de terceiro set.

Crente nas suas chances perante uma campeã Major na superfície (Roland-Garros 2017), a número um nacional sentiu estar “de igual para igual”, apesar de saber que não entrava como favorita. “Contente com a prestação”, a vimaranense de 23 anos considerou que a “experiência também fez a diferença” na reta final do embate, além de “um bocadinho de sorte”.

Maria Garcia, a segunda caloira do dia, não escondeu a satisfação pelo primeiro compromisso nacional sénior. “É uma sensação incrível, nem sei como descrever. Quando me disseram que ia jogar fiquei mesmo muito contente, ainda por cima ao lado de uma amiga como a Matilde”. O coração acelerou com a notícia, a réplica das jovens foi dada, mas a reta final do parcial inaugural e o match tie-break comprometeram as aspirações.

Pouco habituada a competir em dupla enquanto ‘líder’, a mais nova das irmãs Jorge “queria muito dar a vitória à equipa” e presentear a amiga estreante com um triunfo. “Senti que tinha de ser eu a assumir, mas estava muito nervosa e não consegui ajudar a Maria. É sempre diferente jogar com uma pessoa nova, mas demo-nos bem em campo”.

Rouca pelo apoio constante às companheiras, Ana Filipa Santos regressou à convocatória depois de em 2023 ainda estar a “aprender a saltar” após romper o ligamento cruzado anterior e fraturar o menisco interno do joelho esquerdo no final do ano anterior. Ver as colegas serem promovidas há um ano deu-lhe “motivação extra para estar aqui”.

Segue-se um frente a frente com a Turquia, turma derrotada por 2-1 face à congénere dos Países Baixos. “Estamos com muita vontade de voltar ao campo e mostrar tudo o que sabemos, estamos com muita vontade de ganhar”, rematou Neuza Silva, antiga 133.ª WTA e uma das protagonistas da equipa nacional que discutiu este mesmo Grupo I da Zona Europa-África no Jamor — mas em indoor hard-courts — no ano de 2010.

Esta terça-feira, novamente no Court Central a partir das 11h, haverá nova oportunidade de lutar pelo objetivo manutenção.

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