Uma “semana surreal” acabou com “sentimento de objetivo cumprido” para Pedro Araújo

Pedro Araújo viveu uma semana dourada em Monastir e os contornos fizeram desta uma campanha inesquecível para o lisboeta, que aos 22 anos conquistou o primeiro título da carreira no circuito internacional… com as raquetas de outro jogador.

“Estou, obviamente, bastante feliz. [O primeiro título] era algo que eu já procurava há muito tempo e é verdade que acabou por chegar um bocadinho mais tarde do que eu pensava há uns anos, mas tendo em conta tudo o que passei durante esta semana estou bastante feliz”, disse o tenista português ao Raquetc depois de vencer o ITF M15 na cidade tunisina.

As dificuldades a que Araújo se refere valem uma história para a vida: é que o mais recente pupilo de Frederico Marques chegou há exatamente uma semana a Monastir e ainda não sabe o que é feito da mala onde vinham as raquetas.

“Ainda não tenho mala e não sei sequer se a vou ter ou se ficou perdida, porque começo a achar que poderá ter acontecido isso mesmo”, desabafou. “Tive uma enorme ajuda do Diogo Marques, o meu parceiro de treinos, de pares e também amigo. Ele esteve cá a jogar o torneio e deu-me uma grande ajuda porque deixou-me jogar com as raquetas dele. Obviamente que sem ele isto não teria sido possível.”

Por esta altura, o sorriso já se apoderava da voz do jovem português, que este domingo converteu a primeira final da carreira no primeiro título, mas nos dias anteriores as sensações eram outras: “Nos primeiros dias foi mais difícil porque havia sempre aquela expetativa de saber quando é que a mala ia chegar e eu a ver que as coisas não iam chegar e que ia eventualmente ter de jogar com outras raquetas. Nos primeiros dias e nas primeiras rondas isso deixou-me mais preocupado e estava até algo intranquilo em campo, mas acabei por conseguir passar os dois primeiros objetivos e a partir dos quartos de final já entrei com uma atitude e com uma mentalidade diferente porque assumi que ia ter de jogar com as raquetas dele durante o torneio todo. Isso fez com que conseguisse focar-me mais em mim e não tanto na situação, caso contrário não teria ganho o torneio.

“Muito sólido, muito lutador e a querer muito ganhar“, Pedro Araújo foi recompensado em especial nos últimos dois encontros, isto é, na meia-final e na final, “curiosamente com terceiros sets bastante semelhantes porque estive a perder por 0-2 e por 1-3 nos dois dias.”

“Foi importante ter-me mantido sempre perto do adversário. Não queria deixar que abrissem uma vantagem demasiado grande, com dois breaks, porque seria muito difícil de ir buscar e ao manter-me sempre perto deles continuei a acreditar que ia ter oportunidades. Tenho bastante confiança na minha resposta ao serviço e isso acabou por acontecer quer ontem, quer hoje. A partir do momento em que fiz [o contra-break] passei a ser claramente superior”, acrescentou acerca da forma como terminou uma semana que o deixou “com o sentimento de objetivo cumprido” por ter alcançado algo que procurava há muito tempo.

“Não ganhava um título há muito, muito tempo e acaba por ter um sabor extra-especial. Espero que seja o primeiro de muitos e vou continuar a trabalhar em cima disto para ver se continuo a subir daqui para a frente. É muito bom, mas é apenas o primeiro passo”, prometeu Pedro Araújo.

Resta saber se a mala com as raquetas chegará a tempo do ITF M15 da próxima semana, na mesma cidade, ou se a solução que teve um final feliz terá de ser repetida.

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