Entre aprendizagens e metas cumpridas, Francisco Rocha saboreia e aponta a mais

Beatriz Ruivo/FPT

Com o punho em riste e os dentes serrados, Francisco Rocha celebrou a primeira vitória no histórico Jamor e cortou mais uma meta de um percurso que não condiz com a idade. Aos 25 anos, o portuense que foi para os EUA estudar Economia na Middle Tennessee State University ainda sente estar a dar os primeiros passos de uma carreira que deseja ser longa.

“Nunca tinha pensado nisso, mas é verdade. Foi a minha primeira vitória no Jamor e também ajuda a entender o quão fresquinho ainda estou nestas andanças, não é? Tenho 25 anos, mas honestamente sinto que ainda estou a começar a minha carreira e cada meta que alcanço parece que é uma coisa nova porque ainda não estou rodado nestas andanças”, reconheceu, com um sorriso, ao ser confrontado com o número por trás do triunfo com os parciais de 3-6, 6-2 e 6-4 sobre Fares Zakaria no arranque do qualifying do Oeiras Open 5.

Faz apenas dois anos que Rocha colocou as mãos no canudo com carimbo norte-americano e o trajeto feito desde então deixa-o “orgulhoso pelo trabalho que considera permitir-lhe “saltar muitas etapas pelo quanto me esforço.”

De meta em meta, o mais velho dos irmãos Rocha — que há menos de um ano jogou a primeira final individual, no ITF M25 do Porto — tem celebrado feitos inéditos e antes de celebrar no Jamor já tinha feito a festa no Estoril, onde também triunfou pela primeira vez no torneio mais importante do país antes de ficar à porta do quadro principal do Millennium Estoril Open.

“Para mim foi a vitória mais importante da minha carreira. É um torneio que eu cresci a ver desde que era pequenino, queria ir para as bancadas ver os jogadores e desta vez fui eu a ganhar lá. E honestamente, ao falar deste cenário com a minha psicóloga, disse-lhe que desta vez foi como se as coisas demorassem mais a assentar, como se eu desse um clique em que percebi ‘espera aí, ganhei um encontro no Estoril’. Foi um momento importante para mim.”

Esse trabalho remoto com uma profissional começou a ser feito há cerca de um ano, “numa altura em que não me sentia a desfrutar do ténis” e porque “a parte mental é, sem dúvida, a parte mais importante do ténis.” E tem ajudado Francisco Rocha a ganhar perspetiva, tão importante numa semana como a do Millennium Estoril Open, em que se viu cara a cara com o sonho de criança antes de deixar escapar uma vantagem de 6-4 e 3-2 ao perder os últimos 11 jogos para Alexey Vatutin: “Sou capaz de ter feito o melhor set e meio que me lembro de jogar. Estava na zona, as coisas saíam-me naturalmente, estava a servir extremamente bem e a primeira bola estava a pegar de direita e nem precisava de pensar, as coisas estavam a correr-me bem. Mas de repente comecei a pensar ‘isto está a correr tão bem, como é que pode correr-me mal? De certa forma estava a sentir-me com um pé e meio dentro do quadro principal e foi esse o problema, porque ele foi ganhando confiança e tornou-se muito difícil pará-lo. Mas os ensinamentos desse jogo ajudaram-me hoje.”

“Nas horas a seguir não foi fácil, mas depois, com uma reflexão, disse a mim próprio que seria injusto não olhar [para a campanha] como uma coisa bastante positiva. Podia ter sido melhor, mas para o ano há mais“, rematou com a tranquilidade de quem já tem a cabeça no objetivo seguinte e quer continuar, agora no Jamor, a superar barreiras.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Total
0
Share
Vista geral sobre privacidade

Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência de navegação. As informações são guardadas no seu browser e permitem reconhecer o seu regresso ao website, bem como ajudar a nossa equipa a perceber que secções acha mais úteis e interessantes.