OEIRAS – 1, 2, 3, 4, 5. O quinto e último Oeiras Open da temporada já decorre no Complexo de Ténis do Jamor e há muito e bom ténis totalmente grátis para assistir até ao próximo dia 17 de maio.
Mesmo tendo por hábito receber vários eventos do ATP Challenger Tour e a maioria deles no Jamor, o ano de 2025 traz uma novidade a Portugal e um marco mundial atrelado. Nunca antes tinham ocorrido cinco torneios deste gabarito no mesmo local e até ao momento, em todo o calendário ATP, Oeiras é até o primeiro município a poder gabar-se de tal espessura competitiva.
Pode já não soar a novidade, não deixa é de ser de assinalar. Aos três Indoor Oeiras Open a abrir a temporada (o primeiro de nível 75, os dois seguintes da categoria 100) e ao mais forte de todos (125), há três semanas e já em terra batida, a série termina com vários motivos de interesse e bom tempo para ajudar ao brilho.
A maioria dos melhores jogadores lusos ataca o derradeiro Challenger no Estádio Nacional na esperança de repetir o feito de Jaime Faria há um ano. O próprio número dois nacional aparece como uns dos favoritos ao título e logo com uma primeira ronda de luxo contra o amigo e parceiro de treinos Henrique Rocha.
Ao contingente português, completo com o recordista nacional de títulos (10) e finais (23) no ATP Challenger Tour, Gastão Elias, que até amealhou três desses troféus neste mesmo palco, e também com os jovens Tiago Pereira e Pedro Araújo — quem sabe se João Domingues e Francisco Rocha não engordam a lista oriundos do qualifying — junta-se um lote de protagonistas internacionais, muitos a fazer contas para a entrada no quadro principal de Wimbledon nesta que é a derradeira semana para tal.
Têm dúvidas da qualidade do evento? Ora espreitem alguns dos maiores destaques.
É o grande destaque da prova, pelo menos na fase inicial. Por capricho do sorteio, os dois jovens mais promissores do ténis nacional vão medir forças na estreia e mesmo na primeira ronda a ocasião não deixa de ser solene.
Jaime Faria é o campeão em título (um dos dois troféus Challenger do currículo, em três decisões) e vem de alguns problemas físicos que retiraram o momentum alcançado em fevereiro, quando se tornou no oitavo homem luso a lograr o top 100 ATP ao mostrar-se ao mundo na América do Sul, isso depois de ultrapassar o qualifying e a primeira ronda do Australian Open e roubar um set a Novak Djokovic semanas antes; Henrique Rocha chega com oito derrotas consecutivas depois da primeira e única semifinal da época, ainda que se saiba que o único troféu do palmarés na categoria tenha sido alcançado (Múrcia 2024) no seguimento de uma má fase idêntica e que o melhor amigo nunca o superou anteriormente.
Cada um com o seu problema, seja físico ou de confiança, mas os dois têm no Jamor uma boa chance de encarrilar de novo. Quem o fizer pode ter de enfrentar Gastão Elias, que aguarda pelo desfecho do qualifying e em caso de sucesso agenda duelo de compatriotas.
Tiago Pereira e Pedro Araújo vêm logo a seguir no que às promessas nacionais diz respeito. O último abre a competição contra um dos mais cotados, Christopher Eubanks.
Eubanks não é de todo um especialista em terra batida, bem pelo contrário. Habituado a êxito no circuito secundário em solo norte-americano, o estadunidense de 28 anos saltou para a ribalta em 2023 ao, em primeiro, entrar para a elite dos 100 melhores e depois, sobretudo, deslumbrar em relva para conquistar o ATP 250 de Maiorca e atingir os quartos de final em Wimbledon, batendo pelo caminho Stefanos Tsitsipas. Escalou até ao posto 29 da hierarquia.
A “girafa” de 2,01 metros aparece no Jamor pela segunda vez este ano (jogou, sem sucesso, um dos Indoor Oeiras Open), agora como terceiro cabeça de série (110.º) e de calculadora na mão para regressar ao quadro maior da relva britânica, o que só acontecerá se avançar umas quantas rondas.
Este será o seu primeiro evento em terra (europeia) em 2025, mas o serviço-canhão e a esquerda em slice serão um árduo desafio para Pedro Araújo e para qualquer opositor.
A qualidade internacional não se fica em Eubanks e Cristian Garin é o mais cotado curricularmente na competição. O chileno, curiosamente também quartofinalista em Wimbledon, só que um ano antes, já foi top 20 (17.º) e apesar do posto atual (153) é um verdadeiro especialista de terra batida: os seus cinco títulos em seis finais foram no pó de tijolo, bem como dois dos três quartos de final em Masters 1000.
Em Lisboa, Garin chegou a jogar uma final Challenger (no CIF, em 2018), ainda antes da boa carreira ATP. Agora, procura de novo lugar na elite e chega a Portugal com um troféu na mala, ganho em solo austríaco no torneio anterior disputado.
O jogador de 28 anos nem aparece na lista de pré-designados face ao poderio da prova e essa lista de favoritos tem quatro sul-americanos: dois brasileiros, Thiago Monteiro e Felipe Meligeni Alves, e dois argentinos, Thiago Tirante e Roman Burruchaga.
Monteiro é o mais credenciado de momento (106.º), só que virtualmente aparece a dar um trambolhão gigante. Há exatamente um ano, o número dois brasileiro só parou nos oitavos de final em Roma, pelo que uma derrota precoce em Oeiras o atira para uma queda de mais de 20 posições. Só uma repetição de Braga 2021 o pode aproximar do top 100 e de Wimbledon, ainda que mesmo esse caso deva levar o antigo 61.º ATP ao qualifying em Londres.
Do restante lote de cabeças de série, Meligeni já arrecadou dois títulos Challenger na presente época (tem agora cinco em sete finais), Burruchaga vem da segunda ronda no Foro Italico, após furar a fase prévia, e Tirante celebrou em 2025 a mão cheia de troféus na categoria em 11 decisões. Todos eles são verdadeiros terráqueos e todos sonham com o quadro principal de Wimbledon ou, na pior das chances, com um dos primeiros lugares como alternates.
De resto, são várias as caras conhecidas do público português a atuar no Jamor. Carlos Taberner (ex-85.º com duas finais Challenger por cá), Elias Ymer (finalista deste torneio na época passada), Nicolas Moreno de Alboran (vencedor do Braga Open de 2022) e Pedro Cachin, campeão neste mesmo palco de uma prova Challenger em 2021, dois anos antes de ingressar no top 50 e vencer o ATP de Gstaad, sabem o que é chegar ao último dia em Portugal.
No entanto, à frente de todos está Elmer Moller. O dinamarquês de 21 anos levantou o Oeiras Open 125 há três semanas, festejou em Braga em setembro e nunca esteve tão alto na tabela (111.º) — outro a lutar pelo quadro maior em Wimbledon. E como o quarto mais cotado do certame.
Para finalizar, ainda que esteja a viajar sem o foco de atenções, não podemos não destacar Yibing Wu. Crivado por lesões ao longos dos últimos anos (é o 448.º e joga com ranking protegido), o chinês já foi 54.º e tornou-se no primeiro homem da história do país a jogar e a vencer uma final ATP (Dallas 2023), bem como a derrotar um adversário do top 10. Talento não lhe falta.
Pontos e prize-money
QR2 | QR2 | Qualifier | 1R | 2R | QF | SF | F | 🏆 | |
Pontos | 0 | 2 | 4 | 0 | 7 | 14 | 25 | 50 | 100 |
Prize-money | €371 | €742 | — | €1.608 | €2.595 | €4.449 | €7.667 | €12.858 | €21.895 |
Transmissão televisiva
O Oeiras Open 5 será transmitido em direto na Sport TV entre segunda-feira e sábado. Nos quatro primeiros dias serão transmitidos dois encontros de singulares a partir das 13 horas, já na sexta-feira as meias-finais terão início às 11 horas — a mesma janela temporal da final de sábado.