Christopher Eubanks: jogador full time, comentador part time

Beatriz Ruivo/FPT

OEIRASChristopher Eubanks não se importa de alterar a rotina para conciliar o tempo no court com a ida aos estúdios de televisão, mas acordar de madrugada para treinar e ficar com a tarde livre para os comentários é o máximo que está disposto a fazer nesta fase. Afinal, apesar de ter duas paixões sabe que uma delas tem uma janela bem mais curta e por isso não hesita em priorizá-la.

“Sei que comentar é algo que posso fazer no resto da minha vida, mas só tenho uma pequena janela para conseguir jogar. Por isso, mesmo quando faço ambas as coisas ao mesmo tempo, certifico-me de que a estação com que estou a trabalhar sabe que a vertente de jogador vem primeiro”, explicou numa conferência de imprensa sem surpresas rapidamente transformada em conversa, tal é o à vontade e o gosto deste norte-americano em comunicar com o ténis como assunto.

Pouco depois de sair do Court Central do Jamor com uma vitória sobre Pedro Araújo, o “gigante” de 2,01 metros satisfez a curiosidade de quem o entrevistava pela primeira vez e falou, com um brilho nos olhos, sobre os seus dois amores: “As únicas vezes que comentei no Tennis Channel foi durante a pré-temporada. Os estúdios são em Los Angeles e a USTA tem um centro de treino em Los Angeles, por isso é ótimo viajar até lá e treinar com jogadores como o Taylor Fritz e o Marcos Giron. Nesses casos começo os meus dias mais cedo e comento alguns jogos de madrugada, depois treino de manhã.”

“As outras estações com que trabalho, como a ESPN ou a TNT, também compreendem que o meu trabalho é ser jogador e que estou nos torneios para jogar. Por isso o que acontece é que, quando perco, envio uma mensagem ao produtor a perguntar no que é que posso ajudar. E nesses casos eles dizem-me que encontros querem que eu comente e eu oriento os meus treinos à volta disso. No Australian Open perdi na última ronda do qualifying, fiquei à espera para entrar como lucky loser e treinava no ginásio e no court todas as manhãs, às vezes às 7h. Preciso sempre de um bloco de quatro horas ou no início ou no final do dia para ter a certeza de que não falho os meus treinos, mas tem sido muito fácil conciliar com as estações”, concluiu.

O talento de Eubanks é reconhecido dentro do court e dentro da cabine, que lhe permite tornar um hobby em trabalho: “É algo de que eu gosto muito. Estaria a ver aqueles encontros mesmo se não fosse comentador, por isso é ótimo conseguir estar num local em que posso ter seis encontros numa televisão e acompanhá-los a todos ao mesmo tempo que comento.”

Para Portugal, o norte-americano viajou apenas com as funções de tenista e na segunda-feira celebrou pela primeira vez no nosso país, quatro meses depois de uma derrota desapontante em condições que até lhe eram mais favoráveis — no Indoor Oeiras Open 3, em piso rápido coberto. “Estava entusiasmado por regressar à terra batida porque há cerca de um mês tive uma boa semana em Houston. Fiz bons encontros e estava a sentir-me mais confortável do que é habitual, por isso estava entusiasmado por regressar aqui. Na última vez que cá estive choveu muito e estava frio, portanto não foi muito bom.”

Fã da relva — venceu o ATP 250 de Maiorca e chegou aos quartos de final de Wimbledon em 2023 — e dos courts rápidos mais do que do pó de tijolo, Eubanks explicou que, para ser bem-sucedido no pó de tijolo, o mais importante e difícil é “gerir a paciência.”

“Em piso rápido ou na relva podes aproveitar a primeira oportunidade, conseguir uma grande pancada e correr para a rede para aplicar alguma pressão. Mas na terra batida há jogadores que se movem muito bem e que defendem muito bem, muito melhor do que nas outras superfícies. No meu caso, tenho tendência a pressionar e a tentar ter a mesma recompensa a que estou habituado. Tento bater um pouco mais forte e mais perto das linhas e é nesse momento que o risco aumenta e os erros podem aparecer. Por isso o maior ajuste é esse, gerir a paciência. Quero continuar a jogar agressivo, porque não quero passar o tempo a correr de um lado ao outro num campo de terra batida, mas tem de haver um balanço. Durante anos, a movimentação era o mais difícil para mim. Só aprendi a deslizar ao meu terceiro Roland-Garros, agora estou finalmente a sentir-me mais confortável nesse aspeto por isso é uma questão de conseguir adaptar melhor o meu ténis a este piso”, concluiu o jogador de Atlanta, que nunca jogou qualquer final (nem ITF, nem Challenger) em terra batida.

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