OEIRAS — Gastão Elias voltou a sair do court com uma sensação agridoce e as oportunidades desperdiçadas diante Cristian Garín no Oeiras Open 5 transformaram-se não só num déjà vu em relação ao que viveu no Millennium Estoril Open contra outro chileno, como num extenso desabafo sobre a situação que atravessa que, apesar de tudo, terminou com nota positiva.
“No primeiro set tive o triplo de oportunidades, mas não consegui aproveitar nenhum break point. Sentia-me por cima do encontro e sempre em vantagem nos pontos, não houve nenhum momento em que ele me deixasse muito desconfortável ou bolas que me causassem muitas dificuldades tirando um ou outro serviço, mas perdi esse set sem saber bem como e no segundo parece que as coisas também se alinharam para ele ganhar. Tive 4-1, ele já estava a borrifar-se para o set e houve dois jogos de serviço em que quase nem batia na bola, mas depois sacou umas bolas sem saber bem como e de repente o encontro virou outra vez. A verdade é que se me perguntassem qual é que seria o resultado justo para hoje, eu diria que era um 6-3 e 7-6. É estranho dizer, isto, mas é verdade e é das poucas vezes que o digo“, desabafou, ainda sem compreender totalmente o rumo do embate que perdeu para o chileno nos quartos de final desta quinta-feira.
Apesar da frustração, o discurso ganhou rapidamente uma trajetória otimista com uma espécie de murro na mesa: “Não há dúvida nenhuma de que estou a jogar o meu melhor ténis dos últimos tempos, dos últimos anos” — uma semi-alusão à frase que proferiu em 2022 e que poucos dias depois ganhou contornos históricos.
“Sinto-me bastante bem e confiante. Mesmo nos encontros que perdi senti-me superior em campo, o que é um ponto positivo, mas não posso viver de quase vitórias. De alguma maneira tenho de arranjar forma de cruzar a meta, não posso passar o ano a tentar somar vitórias morais e a dizer que estou a jogar muito bem. Essa é a parte que me deixa frustrado, mas também tenho de ter a lucidez de ver que estou num excelente momento de forma“, acrescentou.
Com mais certezas do que nas passagens anteriores pelo Jamor, muito por conta dos problemas que resolveu ao encontrar uma conjugação raqueta-cordas que o ajudou a recuperar potência e controlo, o recordista português de títulos (10) e finais (23) no ATP Challenger Tour, outrora 57.º do ranking mundial, disse adeus ao palco que mais alegrias lhe deu — os últimos três títulos foram erguidos no Jamor — hesitante em relação aos próximos passos, mas certo quanto ao que quer atingir: “Estou com um ranking em que se calhar ainda preciso de jogar um ITF ou outro e que me corram bem. Obviamente prefiro muito mais jogar Challengers, mas também me convém ser, pelo menos, cabeça de série no qualifying.”
Nesse sentido, os próximos torneios serão um ITF M25 em Mataró, na região de Barcelona, e um ATP Challenger 75 em Vicenza, Itália, nas últimas duas semanas em que pode pontuar para tentar chegar ao qualifying de Wimbledon. A questão dos torneios do Grand Slam “já podia estar resolvida com um ou dois pontinhos aqui e ali”, mas Gastão Elias sabe que “não posso andar com esse discurso” e despede-se a acreditar que “coisas boas estão para acontecer.”