MONTEMOR-O-NOVO — Matilde Jorge e Francisca Jorge já se tinham enfrentado dezenas de vezes quando entraram no court principal do Clube de Ténis de Montemor-o-Novo, mas o encontro deste domingo foi o primeiro entre ambas na final de um torneio internacional e a mais nova colheu os frutos do crescimento para contrariar o historial e conquistar o maior título da carreira.
“Estou mais madura, há uns anos não estava tão pronta para estes encontros”, reconheceu a jovem de 21 anos, em declarações exclusivas ao Raquetc, logo após ter considerado a final deste domingo como “o encontro em que lidei melhor com estas emoções, porque antes havia vezes em que eu não conseguia mesmo competir por ser contra ela.”
“Estou bastante feliz e orgulhosa de mim mesma por esta semana. Estive bastante consistente, apresentei um bom nível e hoje tentei agarrar-me ao que tinha feito bem para chegar à final e não olhar para o lado de lá. Foi uma adaptação durante o jogo todo para desvalorizar que era a Kika do outro lado”, acrescentou Matilde Jorge, que venceu a irmã pela terceira vez em sete encontros internacionais — a nível nacional, a mais velha levou a melhor nas cinco finais do Campeonato Nacional Absoluto que já protagonizaram, todas nos últimos seis anos.
A maturidade referida pela jovem vimaranense chegou com a idade, mas também com trabalho, neste caso logo desde a véspera: “Sentia que havia uma porta aberta, uma oportunidade. Ontem, depois de vencer nas meias-finais, estava a fazer bicicleta e a Kika começou logo o encontro dela com um break, por isso senti que tinha de começar a preparar-me para jogar contra ela. Ao mesmo tempo queria tentar não pensar muito nisso porque ainda tinha a tarde toda [pela frente], mas tinha de o fazer para conseguir competir quando chegasse o momento.”
E a maior lição desta semana dourada que lhe deu o título mais importante e o melhor ranking da carreira? “Focar-me nas coisas certas compensa e se estiver mesmo metida vai acabar por pagar. Às vezes pode não ser logo, mas com o mindset certo as coisas acontecem.”
Segue-se o regresso a casa, à cidade berço, palco do embate anterior entre ambas em provas internacionais e onde, já na próxima semana, Francisca Jorge defende os pontos relativos ao título e Matilde Jorge dos quartos de final em que foi travada pela irmã.
São 29 os pontos que as separam no ranking, mas se descontados os de Guimarães (que era um ITF W75 e desceu para ITF W50) a mais velha ficará com 236 e a mais nova com 265. Está em cima da mesa a possibilidade de tornar-se número um nacional pela primeira vez.