Apesar de ter acontecido frente a um dos jovens mais promissores do circuito, que prometia causar-lhe dificuldades, a derrota de Roger Federer na segunda ronda do ATP 500 de Halle frente a Félix Auger-Aliassimenão deixou de ser uma grande surpresa (foi, aliás, a primeira vez que o suíço caiu antes dos quartos de final em 18 participações) e teve consequências raras no ex-número um do mundo, que precisou de mais tempo do que o habitual para se recompor antes de fazer o balanço do dia com a imprensa.
De acordo com o jornalista Tumaini Carayol, do The Guardian, Federer demorou duas horas e meia a chegar à conferência de imprensa, quando habitualmente opta por falar logo com os jornalistas depois de uma derrota, e tomou a raríssima decisão (senão mesmo inédita) de só responder a perguntas em inglês, deixando de parte o alemão e o francês com que habitualmente fala pelo menos com os seus compatriotas — desta vez até eles tiveram de falar com ele em inglês.
“Senti que precisava de tempo para digerir o terceiro set. Não fiquei feliz com a forma como terminei, foi semelhante a Genebra”, justificou Federer, que preferiu demorar mais tempo do que o habitual para não deixar a frustração tomar conta do seu discurso.
“Hoje não tive uma boa atitude. Apercebi-me de que não ia ser o meu dia e acho que a dificuldade deste regresso também me afetou, isto é, o quanto tenho de dar em cada ponto para tentar que as coisas aconteçam. Hoje não o consegui fazer e comecei a ficar muito negativo, o que não é normal em mim e não me deixa feliz. Ao mesmo tempo, se olharmos para os cerca de 1.500 encontros que já disputei é normal que isto aconteça, mas o que é bom é que sei que não vai acontecer nas próximas vezes que entrar em court“, acrescentou o suíço, que em Halle procurava o 11.º título e, consequentemente, a melhor preparação possível para Wimbledon, que definiu como o grande objetivo para 2021.
“Foi também por isso que quis demorar algum tempo entre o encontro e a conferência de imprensa, para perceber verdadeiramente porque é que me senti assim. Falei com o Ivan para tentar perceber e agora é levantar a cabeça, olhar para a frente, não tomar decisões parvas e continuar positivo para abordar o próximo grande objetivo, que claramente é Wimbledon”, concluiu Federer, que nunca nas 18 participações no torneio de Halle tinha perdido antes dos quartos de final.
