“Parry, Parry, Parry”. Sob a cobertura do Court Philippe-Chatrier, foi este o cântico que se fez ouvir pelas vozes dos milhares de adeptos franceses que lotaram o palco principal de Roland-Garros para celebrar a vitória histórica da jovem Diane Parry, de 19 anos, sobre a campeã em título, Barbora Krejcikova, na primeira ronda.
Por Gaspar Ribeiro Lança, em Paris
Ex-número um mundial de juniores, a tenista francesa que bate a esquerda a uma mão celebrou o momento mais dourado da carreira com uma reviravolta que chegou a parecer impossível — é que a checa, que não jogava desde fevereiro a contas com uma lesão no cotovelo, venceu os primeiros 16 pontos do encontro e chegou a liderar por 6-1 e 2-0.
Mas o público francês sabe que até ouvir o famoso jeu, set et match e deu voz à reviravolta que, dentro das linhas, Parry começou a desenhar. Depois dos nervos inicial, a tenista da casa aumentou os níveis de paciência, soube explorar a falta de ritmo da adversária, que muito provavelmente não teria voltado tão cedo aos courts não fosse a defesa do título em Paris, e avançou no campo para obrigar Krejcikova a movimentar-se mais do que a ainda número dois (que vai sair do top 10) gostaria.
O resultado foi um triunfo por 1-6, 6-2 e 6-3, em 2h10, que levou as bancadas do Court Philippe-Chatrier à loucura, os cânticos amplificados pela cobertura fechada — a chuva atrapalhou a primeira metade da jornada — e o eco que o agora multifacetado palco principal de Roland-Garros tem desde a enorme restruturação e renovação do complexo.
Aos 19 anos e já com um lugar entre a elite do ténis, Diane Parry viveu o dia mais dourado de uma carreira que, enquanto júnior, já a tinha colocado entre as melhores do mundo da sua idade. E há vários episódios que a ligam a Portugal, desde a homenagem que lhe foi feita em pleno Oeiras Magnesium-K Active Ladies Open, torneio que em 2021 foi escolhido pela Federação Internacional de Ténis para lhe entregar o troféu de número um mundial de sub 18 relativo à época de 2019, mas também a recente participação no Oeiras Ladies Open, onde esteve a dois pontos de ser derrotada pela portuguesa Matilde Jorge.
Igualada a melhor participação da ainda curta carreira em Roland-Garros, a francesa terá pela frente na segunda ronda Camila Osório (66.ª WTA), que esta semana já derrotou uma francesa (Harmony Tan).
