Afinal, Iga Swiatek também é feita de carne e osso

Durante meses, Iga Swiatek desafiou os limites da humanidade e exibiu-se pelo mundo fora com a autoridade de quem acabara de herdar a liderança do ranking e queria provar a tudo e todos merecer. A polaca ergueu os títulos de todos os torneios em que participou, “despachou” a maioria das adversárias e inscreveu o nome no top 10 de maiores séries de vitórias da história. Até que este sábado, em Wimbledon, voltou a dar provas de ser humana ao cair perante Alizé Cornet na terceira ronda.

Afinal, Iga Swiatek também é feita de carne e osso.

Por Gaspar Ribeiro Lança, em Wimbledon

A polaca já tinha dado provas de não estar na melhor forma ou condições durante o encontro da segunda ronda com Lesley Pattinama Kerkhove, em que deixou fugir um set perante a lucky loser, e este sábado voltou a estar longe da forma que lhe permitiu registar 37 vitórias consecutivas (ninguém o fazia desde Martina Hingis, em 1997). Perdeu por 6-4 e 6-2, de forma apática.

Alizé Cornet já tem 32 anos e considera-se igual ao vinho, numa alusão ao que a idade lhe traz de bom e que em pleno No. 1 Court (o segundo maior do All England Club) lhe permitiu não pensar em demasia nem na ocasião, nem no feito que fez por assinar.

Bem experiente, a francesa não olhou nem ao estatuto, nem à série vitoriosa, nem à forma da polaca. Respeitou-a, mas q.b., e sem medo do que do outro lado da rede pudesse vir construiu, ponto a ponto, uma muralha inquebrável que mesmo quando esteve em desvantagem (Swiatek serviu a 2-0 com 40-15 no segundo set) fez com que estivesse por cima psicologicamente. E isso deu-lhe condições para aproveitar um dia menos bom da líder do ranking — que não jogou qualquer torneio entre Roland-Garros e Wimbledon por causa de uma lesão no ombro — e registar a melhor vitória da carreira.

Cornet pode já estar na fase final da carreira, mas vive-a com a alegria de quem dá os primeiros passos pelo mundo fora. E tem razões para isso: ao quebrar a invencibilidade de Swiatek, igualou a melhor prestação em Wimbledon (há oito anos!) e colocou-se a um passo de repetir a melhor campanha da carreira em torneios do Grand Slam, os quartos de final do Australian Open… em 2022.

O quadro feminino está cada vez mais aberto e há que ter cuidado com a francesa, que na quarta ronda vai medir forças com a australiana Ajla Tomljanovic.

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