Francisco Cabral: da curiosidade pela história ao orgulho na “rápida, mas justa” ascensão com um segundo título na bagagem

São nada mais, nada menos do que 15 os troféus de campeão de torneios internacionais que Francisco Cabral adicionou ao palmarés ao longo dos últimos 15 meses, mas desses há dois que naturalmente têm um sabor mais especial: o do Millennium Estoril Open e o do Swiss Open Gstaad, que conquistou este domingo e lhe permitiu tornar-se no segundo tenista português com dois títulos de pares no circuito ATP.

Aos 25 anos, o tenista natural do Porto vive a melhor fase da carreira e a vitória em Gstaad ao lado do bósnio Tomislav Brkic traduziu-se em mais um motivo de orgulho: “Assim que a final acabou senti-me muito feliz e muito orgulhoso pela semana que acabámos de fazer, porque obviamente jogamos todos os torneios para ganhar, mas sabemos que a competição é muito grande, ainda mais no circuito ATP, onde cada vitória é sempre tirada a ferros, e portanto ganhar um título é sempre um motivo de orgulho enorme”, contou ao Raquetc horas depois do triunfo.

Questionad sobre o que leva a parceria com Brkic a resultar, Cabral explicou que ambos têm estilos de jogo semelhantes: “Temos serviços fortes, jogamos agressivos e gostamos de comandar os pontos a partir da primeira bola, por isso acho que quando estamos ‘engatados’, como se costuma dizer na gíria, somos uma dupla perigosa e isso viu-se esta semana.”

Tal como no Millennium Estoril Open, onde triunfou ao lado de Nuno Borges, também em Gstaad Francisco Cabral conseguiu resolver a decisão em duas partidas, com um encontro quase sempre dominado pela dupla que compôs, e explicou esse sucesso com a bagagem do último ano e meio: “Sem dúvida que ter jogado tantas finais no último ano e ter estado tantas vezes em momentos de pressão me ajuda a estar mais tranquilo e mais seguro daquilo que tenho de fazer e que vou enfrentar. Ainda assim, os torneios ATP são uma liga completamente diferente, têm sempre estádios maiores e mais pessoas a ver, portanto a pressão é outra e diria que a final do Estoril me ajudou mais para esta final do que propriamente as dos Challengers.”

Se em maio a semana em Portugal lhe permitiu entrar no top 100 mundial de pares pela primeira vez, com a campanha em Gstaad o tenista português assegurou a estreia no top 50 — uma ascensão rápida, mas que não o surpreende: “Era um dos objetivos que tinha não só para este ano, como para a minha carreira, porque fazer parte de um top 50 já é uma boa meta, mas tal como disse no Millennium Estoril Open sobre entrar no top 100, digo exatamente o mesmo sobre entrar no top 50: é muito bom e é um orgulho enorme, mas quero mais e vou continuar à procura de mais porque acredito que tenho potencial e nível para isso, portanto há que continuar a trabalhar muito e de forma humilde.”

“Não foi do nada que me meti a 49, como vou estar na segunda-feira. Esta subida é fruto de muito trabalho, muita dedicação, muitos jogos, muitas vitórias e muita análise aos meus adversários, porque passo muito tempo a ver os jogos dos outros para estar mais informado. Foi depressa, sim, mas acho que é merecido por tudo aquilo que tenho jogado, ganhado e trabalhado”, acrescentou Francisco Cabral, que também deu a conhecer o lado curioso que o mantém sempre a par da história do ténis português.

“Sabia que se ganhasse hoje igualava o português mais titulado em pares no circuito ATP, que era o João Cunha e Silva, e que passava o melhor ranking do Nuno Marques, que foi um dos meus treinadores. É algo em que tento não pensar muito, mas sou demasiado curioso para não saber estas curiosidades”, contou, entre risos, na reta final da conversa com o Raquetc, que terminou com as lições que tem retirado dos primeiros meses ao mais alto nível no circuito profissional: “Isto diz-me que é preciso continuar a trabalhar, porque o circuito é extremamente competitivo e sinto que se me desleixar nos métodos de trabalho sou rapidamente ultrapassado por outros, porque aqui toda a gente trabalha muito e toda a gente quer ganhar, portanto há que estar sempre no nosso melhor para termos as nossas hipóteses.”

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